Mesmo com duelos emocionantes, com direito a até disputa de tiros de sete metros para decidir vaga pela primeira vez em 2023, a semifinal contará com reprise da edição passada
Por Mateus Batista
Agrárias, Educação Física, Engenharia Uberlândia e Medicina estão novamente classificadas para a semifinal do handebol feminino na Olimpíada UFU. Após a disputa das oitavas e das quartas de final entre sexta (29) e domingo (1º), quem acompanhou as partidas no G2 pôde acompanhar calor e chuva, goleadas e partidas empatadas, estreias e despedidas emocionantes, ou seja, o “puro suco” da Olimpíada.
Quatro das cinco partidas foram disputadas no sábado (30), das 8h às 16h45. O confronto entre Monetária e Monte Carmelo foi disputado no dia anterior, junto de outros dois jogos do handebol masculino. No domingo, todos os jogos das quartas de final foram disputados entre 8h e 17h20.
Vale lembrar que Agrárias, Educação Física e Medicina se classificaram direto para as quartas de final por conta do chaveamento e não precisaram jogar nas oitavas. O Javali venceu a Biológicas, o Cachorro derrotou a Biologia Pontal e a Serpente eliminou a Fisioterapia. Se quiser saber como foram esses jogos, é só clicar aqui.
Monetária 20 x 9 Monte Carmelo - oitavas
Na única partida de sexta-feira (29), Monetária e Moca se enfrentaram em um jogo de tempos opostos. Na primeira etapa, a equipe de Monte Carmelo saiu na frente do marcador e causou problemas para o Tamanduá, que correu atrás do placar por boa parte da primeira etapa. No fim, a Monetária conseguiu se reestruturar e virou o primeiro tempo vencendo por 7 a 6.
Na segunda etapa, a Money veio com tudo e não deu espaços para o time de Monte Carmelo, que pouco conseguiu produzir ofensivamente e sentiu o cansaço da partida. No final da partida, vitória do Tamanduá por 20 a 9 e vaga garantida nas quartas.
Pelo lado da Moca, Isabela Ribeiro foi o grande destaque, com cinco gols marcados. Já pela Monetária, Mariana Castilho, com seis, e Débora Félix, com cinco, foram as principais artilheiras da equipe.
Educação Física 21 x 15 Monetária - quartas
Na primeira partida do domingo, disputada às 8h, Educa e Monetária fizeram um confronto extremamente equilibrado e de muitas chances de gol. Na primeira etapa, a Atlética do Cachorro foi mais efetiva no ataque e contou com uma boa atuação de suas defensoras para sair com um 11 a 8 no placar.
No segundo tempo, o Tamanduá acelerou o ritmo e conseguiu encostar no marcador, mas esbarrou na boa atuação de Ana Flávia Buiatti e Maria Clara Araújo, também conhecida como Cacá. Ambas atuaram no papel de armadoras e conseguiram melhorar o ritmo de jogo da Educa, fazendo com que a equipe novamente abrisse vantagem no placar e fechasse a conta em 21 a 15.
Cacá precisou ser substituída no final do primeiro tempo depois de sentir dores nas costas após uma queda, mas ela ressaltou que não foi nada grave. Ela também comentou sobre o encontro com seus pais, que cumprimentaram a filha durante o intervalo e assistiram o restante da partida.
“É muito bom! Meus pais ficam bem nervosos, porque eu tenho costume de cair e me machucar, mas é muito gostoso saber que a gente tem esse apoio. Afinal de contas, a Olimpíada é para todo mundo: para nossa família que vem prestigiar a gente e o nosso trabalho duro”, ressaltou.
Direito 18 x 6 Engenharias e Biotecnologia Patos - oitavas
No jogo das 8h de sábado (30), Direito e Eng. Bio. Patos se enfrentaram no G2. Desde o início, a equipe do Guará se impôs dentro de quadra com boas chegadas ofensivas e uma atuação de muito destaque da goleira Sofia Paixão, que fez excelentes defesas e impediu que o Gnomo conseguisse encostar no placar.
A primeira etapa já consolidou a vaga para o time de Uberlândia, com um 15 a 4 no placar. No segundo tempo, as duas defesas voltaram se sobressaindo aos ataques, com muitos bloqueios em arremessos e também com faltas. No fim das contas, o placar ficou em 18 a 6 para o Direito.
Em entrevista para o ARQ UFU, Sofia comentou que estava com o dedo lesionado durante a partida, mas ressaltou que adora atuar na sua posição. Além disso, ela atribuiu a chamada de atenção da arbitragem que as duas equipes levaram ao estilo de jogo mais duro da equipe do Direito.
“A minha visão é de que as meninas têm sangue nos olhos, elas têm garra e a nossa história é essa: um time de garra. Eu sou até suspeita para falar, porque, para mim, toda falta tinha que ter sido feita mesmo (risos)”, completou.
Engenharia Uberlândia 25 x 7 Psicologia - oitavas
As atuais campeãs entraram direto nessa fase da competição, enquanto a Psico perdeu para a Monetária na estreia, mas derrotou a Artes na repescagem. O Leão foi para cima da Fênix e, aproveitando suas ações ofensivas e uma defesa robusta, terminou o primeiro tempo com 9 a 3 no placar.
A Psico, empurrada pela sua torcida, até tentou reagir na segunda etapa, mas viu a Engenharia aproveitar os contra-ataques e espaços na defesa rosa para fechar a partida em 25 a 7, garantindo a vaga para as quartas de final.
Engenharia Uberlândia 19 x 18 Direito - quartas
Apesar dos dois times terem vencido por largas margens nas oitavas, a história foi totalmente diferente nas quartas de final. Engenharia e Direito fizeram um confronto completamente aberto e alucinante que só foi realmente decidido no apito final, já que mesmo após o encerramento do jogo, o Direito teve uma chance de empatar.
No primeiro tempo, as equipes iniciaram a partida se estudando bastante e tendo pouca efetividade ofensiva. Com menos de cinco minutos jogados e um placar favorável em 3 a 2, um fato chamou a atenção: o treinador da Engenharia pediu um tempo técnico e esbravejou com suas atletas, jogando sua prancheta no chão em meio à irritação.
“A instrução do treinador foi: ‘calma’. Nosso time estava desesperado, todo mundo cansado, mas conseguimos colocar a cabeça no lugar e ganhar o jogo. Poderia ser menos apertado e difícil, mas o time do Direito é muito bom”, contou Maressa Resende, atleta da Engenharia e autora de três gols na partida.
A chamada de atenção pareceu ter funcionado, já que a Engenharia voltou mais ligada para o jogo e fechou a primeira etapa em 13 a 8. Mas no segundo tempo, o Guará foi valente e lutou muito, diminuindo aos poucos sua desvantagem e aumentando a tensão dentro e fora das quadras.
O placar apontava 17 a 14. Então, uma bela defesa da goleira Sofia no arremesso de sete metros adversário reacendeu a equipe, que cresceu no jogo junto de sua torcida, conseguindo chegar ao 18 a 18 com pouco mais de um minuto faltando no relógio.
Porém, as atuais campeãs vieram com tudo e, faltando apenas cinco segundos no relógio, a artilheira Gabriella Inácio achou um buraco na defesa adversária e fez o gol da vitória, seu oitavo na partida. O Direito ainda teve uma chance após o apito final, já que uma falta foi marcada próxima à marca dos 25 minutos de jogo, porém ela foi cobrada na barreira. Com isso, a Engenharia venceu por 19 a 18.
Humanas 14 x 5 Aplicada - oitavas
No confronto entre a Pantera e o Canguru pelas oitavas, venceu a equipe que passou pela repescagem. A Humanas havia perdido para a Eng. Bio. Patos na primeira fase por 15 a 10, mas derrotou a Fisio por 9 a 7. Já a Aplicada passou direto pela Odonto por 17 a 9.
Na primeira etapa, a Pantera neutralizou o ataque do Canguru, que só marcou em uma cobrança de arremesso de sete metros, e conseguiu aproveitar algumas chances pelas pontas. Após vencer o primeiro tempo por 6 a 1, a Humanas acelerou o ritmo de jogo por conta da pressão ofensiva da Aplicada, que até conseguiu marcar mais gols, mas não o suficiente para evitar a derrota de 14 a 5.
Medicina 21 x 3 Humanas - quartas
Porém, a Pantera não estava preparada para o bote da Serpente nas quartas de final. A Humanas resistiu até os sete minutos, segurando um empate em 2 a 2, mas as atuais vice-campeãs, lideradas por Maria Júlia Padovani, atleta destaque da última Olimpíada, aceleraram o jogo e conseguiram furar o bloqueio imposto pela Pantera para fechar a primeira etapa em 12 a 3.
No segundo tempo, a defesa da Medicina se agigantou. Mesmo sofrendo alguns contra-ataques, as atletas da Serpente conseguiram se segurar atrás e fizeram algo até então inédito nessa Olimpíada: não sofrer nenhum gol em 25 minutos. As atuais medalhistas de prata ainda marcaram mais nove vezes para encerrar o jogo em 21 a 3 e garantir a vaga para mais uma semifinal.
Em entrevista para o ARQ UFU, Maju agradeceu à disponibilidade de Davi Laboissiere, atleta da equipe masculina e medalhista no atletismo, que acompanhou a equipe por conta de um compromisso do treinador. Ela também contou sobre a expectativa para as semifinais.
“O sentimento da partida contra a Educa é de respeito, porque nossa última semifinal foi super acirrada, elas jogaram muito bem. E a história vai se repetir, com certeza vai ser um jogo muito disputado novamente”, afirmou Maria Júlia.
Exatas 17 x 9 Odontologia - oitavas
No fim da tarde de sábado (30), Exatas e Odonto se enfrentaram em um jogo tranquilo no G2. Com grande brilho individual de Laís Macedo, que marcou oito gols, e Ana Júlia Rocha, que fez sete, o Gorila derrotou o Panda por 17 a 9 e avançou para as quartas de final da competição.
O primeiro tempo foi disputado, com boas chances para as duas equipes, mas a Exatas saiu na frente com um 9 a 4 no placar. Já na segunda etapa, a Odonto buscou mais o ataque, consequentemente deixando a defesa mais exposta para os contra-ataques precisos do Gorila, que fechou a partida em 17 a 9.
Curiosamente, a Odonto perdeu pelo mesmo placar duas vezes nessa Olimpíada. Na primeira fase, o Panda perdeu para a Aplicada e agora caiu diante da Exatas. Na repescagem, os pontos foram parecidos: vitória por 19 a 9 diante da Biologia Pontal.
Agrárias 12 (2) x (0) 12 Exatas - quartas
Por fim, a última partida do fim de semana foi simplesmente a melhor dessa edição da Olimpíada. O embate entre o Javali e o Gorila contou com reviravoltas, lesões, superações e uma atuação para ficar na memória de todos que acompanharam o confronto no G2.
É impossível falar dessa partida sem citar a gigantesca atuação da goleira Camila Ferrari, da Exatas. Foram incontáveis defesas de todos os lugares da quadra: das pontas, do meio, arremessos de longa e curta distância, e até alguns de sete metros, com um deles sendo defendido com a ponta do pé após uma excelente cobrança no canto inferior direito do gol.
“A gente sabia que seria um jogo muito difícil, a Camila é um monstro no gol. Demoramos muito para encaixar a defesa, mas quando conseguimos encaixar nosso jogo, veio a virada e, no último minuto, a gente tomou o gol de empate”, relatou Amanda Araújo, artilheira da Agrárias no jogo com cinco gols.
A Exatas assumiu a dianteira no placar, guiada novamente pela atuação ofensiva de Laís e Ana Júlia, mas a Agrárias não ficou para trás, contando com os gols de Amanda e Gabriela Cardoso, atleta que carrega o apelido de MST. A primeira etapa acabou em 7 a 6 para a equipe do Gorila.
No segundo tempo, a tônica da partida seguiu a mesma: a Agrárias produzia mais ofensivamente, mas esbarrava em Camila, a muralha da Exatas. Mesmo assim, o Javali não se descuidou defensivamente e parou várias tentativas de ataque do Gorila, que não conseguia ampliar sua vantagem.
O jogo foi ganhando um clima de incerteza. As equipes se revezavam na dianteira do placar, empatando e virando a todo momento. No final de tudo, o Javali venceu o segundo tempo em 6 a 5, empatando a partida em 12 a 12. A Exatas até teve uma chance em uma cobrança de falta frontal após o apito final, mas a bola bateu na barreira da Agrárias.
A partida estava tão tensa que o clima literalmente mudou. O Sol forte e o calor dos últimos dias deram espaço para uma chuva torrencial e uma queda brusca de temperatura que ficaram para o lado de fora do G2. Dentro da quadra, os gritos das duas torcidas e a atmosfera da partida espantavam o frio e esquentavam o ambiente.
Com o empate, o regulamento oficial do esporte prevê três cobranças de sete metros para cada equipe para decidir a vaga na próxima fase. Caso elas permaneçam empatadas, iniciam-se as cobranças alternadas, onde uma das equipes deve acertar e a outra errar para a série encerrar.
A Agrárias cobrou primeiro com Gabriela, a MST, que anotou quatro gols no jogo e ainda converteu sua cobrança. No primeiro arremesso da Exatas, a heroína Camila atingiu o travessão e desperdiçou sua batida.
Apesar do baque, Camila não se intimidou e defendeu a cobrança de Laura Caroline. O momento de preocupação ficou para a atleta da Agrárias, que viu seu ombro sair do lugar por conta de uma lesão anterior.
Na segunda batida da Exatas, a goleira Catarina Corrêa defendeu a cobrança de Ana Júlia, autora de cinco gols no jogo. No fim, Amanda Araújo, a Amandinha, deslocou a goleira da Exatas para fazer 2 a 0 e encerrar a série mais emocionante da Olimpíada com a classificação do Javali para mais uma semifinal.
Em entrevista para o ARQ UFU, Kennedy Pereira, treinador da Exatas, falou sobre os aspectos emocionais da partida e também elogiou a Agrárias pela sua constância e paciência dentro de quadra.
“Nessa hora a gente precisa ser cauteloso com as palavras,. Eu já fui atleta e minha treinadora falava ‘você vai voltar [para a quadra] e vai fazer!’. Hoje em dia, a gente tem que ter paciência para lidar com todas as pessoas. Tem atleta que eu vou mexer com os brios e tem atleta que eu tenho que saber que está no tempo dela”.
Semifinais do handebol feminino na Olimpíada UFU
Agrárias x Engenharia
Educação Física x Medicina
Os jogos da próxima fase serão disputados no último final de semana da Olimpíada. As semifinais estão marcadas para o próximo sábado (7), em horário ainda a definir. Já a final e a disputa pela medalha de bronze ocorrerão no domingo (8).
Lembrando que as quatro semifinalistas são as mesmas da Olimpíada passada. Para saber como a última edição terminou, confira aqui.
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