O Arquibancada UFU, fundado em 2016, é um projeto de extensão dos estudantes do curso de graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). A missão do Arq UFU, como é chamado pelos participantes e o público, é realizar coberturas jornalísticas do cenário esportivo universitário da UFU e os outros eventos na qual ela está inserida – Jogos Universitários Mineiro (JUMs), Jogos Universitários Brasileiro (JUBs), Copa Inter Atléticas (CIA) e demais eventos. O início de tudo foi com uma matéria publicada na plataforma Tumblr em 26 de abril de 2016. Hoje, todo o trabalho envolve produções em quatro frentes: redação para o site, podcast no Spotify, vídeos para o YouTube e materiais para as plataformas de redes sociais – Instagram, TikTok e o X (Twitter).
COMO COMEÇOU
Ana Luiza Figueiredo, Gabriela Tostes, João Reginaldo Júnior, Lívia Ramos e Thiago Crepaldi (Zina) foram os cinco estudantes do curso que idealizaram e deram o pontapé no projeto, em 2016. Todos faziam parte da 7ª turma de Jornalismo da UFU. Eles contaram com o apoio e coordenação, na época, do docente Dr. Rafael Duarte Oliveira Venancio. “O Arquibancada é parte integrante da iniciativa Esportídia, grupo de estudos referência na área, que ainda têm como projetos ‘O Tirinhas Olímpicas’ e o ‘Triângulo do Futebol’, além de outras ações, fazendo de Uberlândia um importante núcleo de estudos sobre esporte e mídia no Brasil”, disse Venancio em entrevista ao jornal Senso Incomum, 31ª edição.

Da esquerda para direita: fileira superior, Gabriela Tostes e Thiago Crepaldi; fileira inferior, Lívia Ramos, João Reginaldo Júnior e Ana Luzia Figueiredo. Foto: arquivo/Senso Incomum UFU
No início, a ideia de cobrir os eventos esportivos da UFU partiu como uma ação da extinta Associação Atlética Acadêmica (A.A.A.) da Faced – formada pelos cursos de Jornalismo e Pedagogia. Os estudantes fundadores faziam parte da atlética e, pelo fato da UFU ter a tradição de organizar e participar de eventos esportivos universitários, quiseram dar visibilidade midiática à cena esportiva da universidade. Porém, desde a fundação, o projeto não conta com nenhum apoio financeiro, de equipamentos e institucional.
PRÉ-PANDEMIA
Os três primeiros anos após a fundação foram de crescente da equipe e de estruturação do projeto. Até o fim de 2019, o Arq UFU contou muito com as orientações e experiência do Thiago Crepaldi, o Zina. Ele, que é um dos fundadores do projeto, recrutou muitos estudantes para participar do Arq e foi o responsável por ensinar como fazer cada produção, já que era o mais veterano do grupo.
Esse perfil de mestre, o tom amigo e acolhedor que o Zina tinha deu a ele o carinhoso apelido de “pai do ArqUFU”. Nunca mediu esforços para fazer o projeto crescer. Por muitas vezes usou recursos próprios para comprar alguns equipamentos, ajudar com a locomoção, custear alguns materiais e ainda foi muito importante para criar vínculos institucionais com a Divisão de Esporte e Lazer Universitário (Diesu/UFU), a Pró-reitora de Assistência Estudantil (Proae/UFU), a Diretoria de Comunicação Social (Dirco/UFU) e a Fundação de Rádio e TV Universitária (RTU).
A Olimpíada de 2018 foi o primeiro grande evento que a cobertura aconteceu de modo integral. A equipe conseguiu se dividir nas coberturas locais de cada esporte, cobertura ao vivo pelos stories do Instagram, cobertura fotográfica e ainda produção de uma reportagem em vídeo com resumo semanal. Naquela época, também teve a participação da equipe do programa Tiro Livre – projeto de rádio do curso de Jornalismo em parceria com a RTU - na cobertura. O mesmo aconteceu no ano seguinte, mas com mudanças estruturais e ainda mais produtos.

Primeira reunião geral para a cobertura da Olimpíada UFU 2018. Foto: arquivo pessoal/Ítana Santos
Em 2019, o projeto ganhou uma nova estrutura. Por iniciativa de alguns integrantes, o grupo passou a se organizar em quatro núcleos, como é até hoje. Foram criados os setores de redação, redes sociais, audiovisual e podcast – que nasceu no dia 12 de setembro daquele ano. Cada um desses grupos era coordenado por uma dupla. Redação, Ana Luiza Vargas e Naiara Ashaia; Redes Sociais, Allana Lima e Ítana Santos; Podcast, Andrei Gobbo e Guilherme Amaral; Audiovisual, Gabriela Castro e Thiago Crepaldi, que também fazia a função de diretor geral do ArqUFU. Com a nova estrutura de formação da equipe, o trabalho ganhou mais corpo e frequência. As produções passaram a não ficar restritas apenas às coberturas de eventos.

O primeiro episódio do ArqCast foi ouvido por toda a equipe, e convidados, num evento realizado no auditório do bloco 5O-A, do campus Santa Mônica, da UFU. Foto: arquivo/Arquibancada UFU
Outro marco para aquele ano foi a primeira, e por enquanto única, transmissão ao vivo das finais dos jogos coletivos da Olimpíada Universitária da UFU. No domingo, 27 de outubro, as partidas que definiriam os campeões do basquete, vôlei e futsal, tanto do feminino quanto do masculino, puderam ser assistidas ao vivo na nossa página no Facebook.
Para a ocasião, a câmera usada foi uma webcam externa de computador que, por ficarmos na cabine de transmissão da Arena Sabiázinho - onde aconteceu o encerramento dos jogos – conseguia pegar a imagem de toda a quadra. O equipamento foi comprado com dinheiro arrecado com uma vaquinha online que abrimos alguns dias antes. A internet até poderia ter sido cabeada se a Diesu/UFU tivesse solicitado com antecedência, mas, por não saberem como funcionava esses trâmites, acabou que, no final, a rede foi roteada pelos celulares dos participantes do projeto. Quanto à equipe de transmissão, essa foi a primeira oportunidade que tivemos de fazer um trabalho ao vivo, ou seja, com narrador, comentarista e repórter de campo.
PANDEMIA DA COVID19
Como muitas pessoas, o ArqUFU começou 2020 entusiasmado e cheio de gás para novos projetos. Na semana de recepção dos novos estudantes, quando normalmente acontece a apresentação do curso e projetos, a equipe apresentou uma novidade: o novo site. O portal estava sendo desenvolvido por Ítana Santos desde o final do ano anterior e estava pronto para intensificar ainda mais as produções do grupo. Mas, o isolamento social e o cancelamento do semestre na UFU fizeram com que os novos passos fossem adiados.
Com muitas incertezas e sem o retorno das aulas, no meio do ano, o grupo se reuniu para fazer algumas produções remotas. Naquele momento não tinha mais a presença do Zina na equipe, que havia se desligado já no início do ano. Puxados e coordenados pela Ítana, o trabalho voltou a acontecer e desenvolveram o especial “Atléticas”. Durante o segundo semestre de 2020 todos os setores produziram conteúdos que contassem a história das atléticas, de alguns integrantes e que gerassem engajamento na integração entre elas de forma remota. Além disso, também houve algumas competições online organizadas pela Diesu/UFU em que prestamos apoio na comunicação e execução.

Primeira reunião de planejamento, entre os coordenadores, para o especial de retomada dos trabalhos durante a pandemia. Foto: print de tela/Ítana Santos
Pouco antes das produções do especial “Atléticas” começar, a estrutura de trabalho do ArqUFU ganhou mais um item importante: o manual de redação e projeto editorial. Para facilitar o trabalho remoto e profissionalizar ainda mais o Arq, ambos materiais foram criados e seguem sendo usados até os dias atuais. Por serem coordenadoras da redação, e pela experiência, Ana Luiza Vargas e Naiara Ashaia redigiram o manual do Arq. Já a Ítana, que tinha criado o site e integrava a equipe de redes sociais, aproveitou a oportunidade para documentar os padrões de identidade do projeto e descrever a linha editorial, sistema estrutural, justificativa e objetivos do Arquibancada UFU.
Ainda vivendo um período incerto, e com muitos desligamentos da equipe, 2021 foi mais um ano desafiador para manter acesa a chama do projeto. As produções passaram a ser majoritariamente para as redes sociais, pouquíssimas matérias para o site e nenhum produto para audiovisual ou podcast. Além disso, o que era publicado na época, era feito pela Ítana. Memória de datas importantes para o esporte, apoio e divulgação das atividades remotas da Diesu e informações sobre o JUBs que tinha retornado num formato especial.
Também neste período pandêmico, o ArqUFU foi indicado pela UFU para concorrer ao prêmio Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação) duas vezes, na categoria Projeto de Extensão. Concorremos em 2020 apresentando o trabalho feito na transmissão das finais dos jogos coletivos da Olimpíada Universitária da UFU 2019, e em 2021, apresentando o Especial Atléticas. Em ambas as ocasiões fomos selecionados para a apresentação do trabalho, mas não levamos o título regional.
PÓS-PANDEMIA
As atividades presenciais na UFU voltaram, de forma integral, no dia 2 de maio de 2022. Em sequência, o primeiro evento esportivo, o Agita UFU, aconteceu no dia 14 daquele mês. Alguns remanescentes da equipe fizeram a cobertura do primeiro encontro entre as atléticas pós-pandemia, mas éramos poucos para tanto trabalho. Era preciso crescer novamente. Ainda impulsionados pela Ítana, o projeto abriu espaço para novos integrantes, sem nenhuma limitação ou pré-requisito. E, assim como o Zina em 2018, foi a vez dela ensinar tudo a todos, já que era a mais veterana do projeto e, também, do curso, estava preste a se formar, em três meses.

Primeiros bixos do ArqUFU pós pandemia na cobertura do Agita UFU em outubro de 2022. Foto: arquivo pessoal/Ítana Santos
Os primeiros bixos entraram já com uma grande missão: a Olimpíada UFU 2022. O final de semana que antecedeu os jogos teve o Agita UFU, que serviu como oficina para eles aprenderem como seria a cobertura a partir da próxima semana, com o auxílio de alguns veteranos. Na oportunidade, o projeto voltou a produzir para todos os setores e passou a ter novos coordenadores, mesmo que com pouca experiência. Redação com Pedro Bueno e Túlio Daniel; podcast com Leíse Alves; audiovisual com Samira Batalha e Vitor Turolla; e redes sociais com Mariana Gulo e Ítana Santos, que também fazia a função de direção geral do projeto.
Se o ArqUFU já tinha um “pai”, nesta fase passou a ter uma “mãe”. Por ter se dedicado para manter o projeto vivo durante a pandemia, tomado frente da sua retomada e assumir a função de ensinar tudo a todos, além de ajudar em todas as produções neste primeiro evento, a Ítana passou a ser carinhosamente chamada de “Mãe do ArqUFU”. Foi através dela também que os contatos institucionais foram mantidos, além do estabelecimento de outros, e que os novos integrantes tinham acesso aos trabalhos e métodos de cobertura aplicados antes da pandemia. Foi uma ponte entre as eras divididas por conta da disseminação da Covid19 pelo mundo.

Espaço de apresentação do ArqUFU na sala do Jornalismo no evento ”Vem pra UFU” de abril de 2023. Foto: arquivo pessoal/Ítana Santos
Em 2023, o grupo voltou a ser grande, com cerca de 30 integrantes, e ganhou novas áreas de cobertura. Além disso, outra novidade é que, daquele ano para cá, para fazer parte do ArqUFU é necessário passar por um processo seletivo. Todos interessados manifestam interesse para qual setor deseja se dedicar e, na seleção, desenvolve atividades práticas para cada setor, após as oficinas, e encerra o processo com a participação em um evento – normalmente o Agita UFU.
Com mais braços, mais produção. Naquele ano o projeto passou a fazer um maior acompanhamento da vida das atléticas. Primeiro, com matérias de pré e pós CIA, além de divulgação da participação das associações em outros eventos. Também começamos a cobrir competições internas organizadas por elas - interperíodos e intercursos.
Num primeiro momento, tudo isso aconteceu porque nós mapeávamos o que estava acontecendo no cenário esportivo da universidade. Mas, após algum tempo, são as próprias atléticas e cursos que nos procuram para os trabalhos. Até mesmo grupos de outras instituições buscaram nossos serviços. Com isso, alcançamos um desejo de anos, desde a fundação, sermos reconhecidos com uma redação esportiva universitária independente.
Por fim, a Olimpíada de 2023 foi a primeira com o projeto finalmente reestruturado e cheio. Produzimos conteúdo tanto para os nossos canais, quanto para os oficiais da UFU – como alguns posts e reels no Intagram e a participação no podcast “Hoje na UFU”. O setor de Redes Sociais também ganhou um Manual de Ação, com todas as orientações de como fazer a cobertura pelas diferentes plataformas. O material foi redigido pela Ítana, que, naquele evento, integrou a equipe pela última vez em cobertura e [finalmente, rs] se desligou do projeto nos meses seguintes, em janeiro de 2024. Até então, é a integrante que mais participou do ArqUFU, ficando 5 anos e 5 meses. Logo atrás dela vem o Zina, com 4 anos.

Primeira reunião geral para a cobertura da Olimpíada UFU 2023. Foto: Ítana Santos
Hoje, o projeto segue sob nova direção, mas nos moldes construídos com o tempo e por muitas mãos. Na direção geral, agora, também uma dupla, Mateus Batista e Vitor Turolla, mas que também compõem as equipes setoriais. Redação com Felipe Regal, Mateus Batista e Pedro Franco. Podcast com Felipe Domingos e Renan Santos. Audiovisual com Joyce Rocha e Vitor Turolla. Redes sociais com Laura Malavolta.
Assim foi, e segue sendo, a nossa históriArq...