Mesmo com problemas, equipes da UFU dão show na competição e um dos times estreantes garante o primeiro lugar
Por Ítana Santos
Na tarde do dia 8 de junho, primeiro dia da Copa Inter Atléticas (CIA) 2023, enquanto muitos, em Uberaba, estavam se deslocando para a inédita “arena estendida” - junção da festa vespertina com as atrações noturnas - outros já estavam, a algumas horas, na correria da competição esportiva. Caso também das equipes de cheerleading das atléticas participantes do evento. Algumas delas participaram de uma disputa que aconteceu em paralelo ao esportivo, o Torneio de Cheerleading da CIA 2023.
O torneio contou com a participação de 15 equipes, sendo dez delas daqui da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Representantes da UFU:
Arlekings, da Associação Atlética Acadêmica (A.A.A.) das Artes;
Blue Beasts, da A.A.A. Agrárias;
Kingdom’s, da A.A.A. Exatas;
Flames, da A.A.A. Biológicas;
La Loba, da A.A.A. Direito;
Magnatas, da A.A.A. Monetária;
Pandoras, da A.A.A. Márcio Teixeira - Odonto;
Panthers, da A.A.A. Humanas;
Sexylions, da A.A.A. Engenharia;
WildCrocs, da A.A.A. Fisioterapia*.
Equipes externas:
Grifo Cheerleading, da A.A.A. Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
Dragons Cheerleading, da A.A.A. da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar);
Hellcheers, da A.A.A. de Engenharia e Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc-MG);
Olympus, da A.A.A. Face UFMG;
Lex Cheer, da A.A.A. Direito UFMG
A competição foi dividida em três categorias: nível 1, com duas inscrições; nível 2.1, com oito inscritos; e nível 2, com cinco participantes. A Ufscar foi a única equipe que participou de dois níveis, 1 e 2.1. Todas as apresentações aconteceram no Sesc Uberaba, local que causou bastante insatisfação dos participantes e do público, sendo um dos pontos de auge da reclamação dos envolvidos.
No tatame, o ‘cheer face’ - traduzido para o português, rosto de cheer, é um termo que faz referência aos sorrisos e expressões de animação esboçados pelos atletas do cheerleading - estava intacto e harmonioso, mas nos bastidores havia muita insatisfação e decepção.
A pirâmide de problemas
Falta de espaço para a torcida, de local apropriado para marcação de palco, da categoria dance e erros de pontuação foram falhas apontadas pelos participantes do torneio. A insatisfação pode ser vista até nos comentários da publicação da CIA no instagram com a classificação geral das equipes. A maioria deles apontam essas questões e o descontentamento com a organização, que já se posicionou publicamente perante aos erros e, no mesmo post, se desculpou com os times envolvidos.
A capitã da Panthers, Raquel Saraiva, é uma das que apontou a desorganização do evento e comentou que alguns detalhes acabaram desanimando a equipe. “Desde o local que não suportou todas as equipes, e muito menos o público que estava lá para assistir, até a falta de uma ambulância à disposição para gente, por exemplo, principalmente por se tratar de um esporte de risco, sentimos um descaso da organização nesse sentido. Além dos problemas que tivemos com os jurados, premiação e atraso com os horários”, disse a atleta.
O time de cheerleading da Humanas conquistou o segundo lugar do nível 1, ficando atrás da Ufscar. A pausa nos treinos e competições, causada pela pandemia, fez com que a equipe perdesse muitos atletas e a Panthers viveu um processo de reestruturação. A última vez que tinham competido na categoria “Team Cheer” foi em 2018 e é por isso que a conquista da medalha de prata é tão importante para a Raquel, que ficou orgulhosa pelo esforço e empenho de seus companheiros.
“A montagem da rotina foi super corrida. Tivemos que simplificar vários elementos e até o campeonato não estávamos muito seguros, principalmente por ser a primeira apresentação da maioria. Mas, na hora deu tudo certo e tenho certeza de que todos sentiram que o esforço e cansaço dos treinos valeram a pena”, concluiu a capitã.
Outra equipe que também ficou com a prata foi a La Loba, mas a conquista veio acompanhada com um triste episódio. “Assim, foi inegável nossa frustração, pois a organização do evento teve alguns erros que impossibilitaram uma forma realmente justa de fazer essa competição. Não tem como voltar no tempo e desfazer nossas expectativas, tentaram resolver da maneira cabível para eles, porém, de certa forma, saímos chateados com toda a situação”, lamentou a capitã Maria Clara Fontes, quando questionada sobre o erro de pontuação que os jurados do torneio cometeram e culminou na inversão da colocação de primeiro e segundo lugar no pódio do nível 2.1.
No dia da competição, a La Loba foi anunciada como campeã. “Quando anunciaram a La Loba em primeiro lugar, foi uma felicidade sem igual, pegamos o troféu, todos tirando fotos com as medalhas. Enfim, muitas expectativas foram criadas e uma alegria, sem igual, compartilhada entre os membros do time’, relembrou Maria Clara.
O time dela recebeu a premiação e as medalhas, mas, logo em seguida, a equipe que tinha ficado em segundo, a Ufscar, contestou a pontuação alcançada pelo time são-carlense. A organização da CIA refez a conferência das informações da súmula e da somatória das notas, o que gerou modificação nas colocações anunciadas no momento do torneio, que foi o caso da La Loba, Magnatas, Lex Cheer e Pandora.
A classificação geral do nível 2.1, com a correção dos pontos, ficou da seguinte maneira:
1º Dragons Ufscar, com 129.6 pontos;
2º La Loba, com 122.3 pontos;
3º Olympus, com 109 pontos;
4º Grifo, com 98 pontos;
5º Magnatas, com 96.6 pontos;
6º Lex Cheer, com 94.5 pontos;
7º Pandoras, com 89.2 pontos;
8º Hellcheers, com 72 pontos.
Mesmo com o ocorrido, a capitã da La Loba se orgulhou da apresentação realizada e do empenho da equipe. Ela acredita que a participação do Torneio da CIA foi extremamente importante para a estruturação do time. “Ano passado, no Torneio da UFU, nosso time estava voltando [da pausa da pandemia] e a La Loba teve muitos obstáculos na estruturação do time pós pandemia. Por isso, não tivemos um bom resultado naquela competição. [...] Nossa avaliação [na CIA] foi de uma rotina sem igual. Foi muito linda e temos muito orgulho do que nós apresentamos, pois sabemos o quanto foi difícil “lapidar” a rotina”, completou a atleta.
Primeira(o) vez, pódio e lugar
Outra equipe da UFU também conseguiu primeiro lugar no pódio no torneio, e nesse caso, sem erros. A Flames Cheerleading, da Biológicas, estreou na competição e já garantiu um cartão de visitas com medalha de ouro. Os 104.3 pontos conquistados no nível 2 desbancou times de peso, segundo o capitão da Flames, Lucas Matos, como a Sexylions, que fez 103.6 pontos e ficou em 2º lugar, e WildCrocs, 3º lugar com 102.6 pontos. As outras duas equipes que competiram neste nível foram a Kingdom’s, 4º lugar com 86.2 pontos, e a Blue Beast, 5º lugar com 63.7 pontos.
Lucas afirmou que a vitória foi uma realização indescritível para a equipe. “Competir na CIA sempre foi um grande desejo da equipe, mas, infelizmente, nunca havíamos tido a oportunidade anteriormente. Neste ano, decidimos concentrar todas as nossas energias nessa competição e a alegria de ter uma estreia tão positiva foi imensa”, completou o estudante que espera ser esta conquista o início de uma trajetória promissora em futuras competições.
Ele também disse acreditar que a equipe tenha chegado para competir no nível 2 desacreditada pelos concorrentes porque nas outras duas vezes que apresentaram nesse nível, que foi no Torneio da UFU, eles não conseguiram alcançar o pódio.
Aproveitando o ânimo e bom desempenho adquirido nesta competição, o capitão já avisou que a Flames tem pretensões de competir no Cheerfest deste ano, evento que acontece em São Paulo na primeira semana de dezembro. Se forem, também será a estreia deles no torneio.
Quanto à CIA, Lucas também lamentou pelos problemas apresentados, mas disse que a organização do evento tem demonstrado receptividade em relação às críticas. “Esperamos sinceramente que, no próximo ano, esses problemas sejam identificados e solucionados antecipadamente, garantindo assim uma competição justa e bem estruturada para todas as equipes participantes”, complementou o atleta.
Cadê o cheer dance?
Quase que o tatame de cheers da CIA não foi invadido pelo talento das Arlekings. A Copa Inter Atléticas organizou o Torneio de Cheers apenas para a categoria esportiva, o que não é o caso do time tricolor da UFU, que se enquadra na categoria cheer dance.
Porém, mesmo sem a sua divisão, a equipe de cheers das Artes participou do torneio apenas para uma apresentação, como contou a capitã Yasmin Gusella. “Sabíamos que não iria ter competição por conta da nossa categoria, que é o Cheer Dance. Mas, nós escolhemos participar somente apresentando, porque achamos importante difundir o Cheer Dance para tentar inspirar outros times e quem sabe, no futuro, também ter a competição de Cheer Dance na CIA.”
Além das reclamações quanto à estrutura e organização, uma queixa que as Arlekings apresentaram é a falta de atenção que a CIA dá ao time, que julgam ser por conta de que a participação delas é apenas para apresentação e não competição. “Ano passado ganhamos um troféu para o time e tirante e medalhas para cada atleta que participou da apresentação. Esse ano não ganhamos nada, com muita insistência nos deram tirantes que sobraram”, relatou Yasmin.
Independente das adversidades, a equipe de cheers das Artes fez a sua apresentação na CIA e agora já está com os pensamentos em outros eventos, que no caso são o Torneio da UFU e a Olimpíada. E a capitã deixou o seu recado aos fãs do time e estudantes da UFU. “Dando um spoiler: vem coisa nova por aí!”
*De todas as equipes de cheerleading da UFU que participaram do torneio, apenas a WildCrocs não contava com a sua A.A.A. competindo na parte esportiva do evento. A Fisioterapia era uma das atléticas convidadas pela CIA.
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