Hegemonia amarela e preta continua. Agrárias fica com medalha de prata e Medicina completa o pódio
Por Giovanna Trovó
O handebol masculino foi um dos protagonistas da Olimpíada UFU 2023. Teve de tudo: jogos intensos e disputados, goleadas, clima quente dentro e fora de quadra, repercussões nas redes sociais e muito mais. As semifinais foram disputadas no sábado (7), enquanto a final e definição do terceiro lugar ficaram para o dia seguinte. No domingo (8) no Campus Educação Física foi entregue as premiações aos vencedores e ao atleta destaque.
O pódio da última edição se repetiu. A Engenharia UDI foi a grande campeã pela segunda vez consecutiva, a Agrárias ficou com a medalha de prata e a Medicina completou o trio com o bronze, além da ótima campanha da Computação, que ficou em quarto lugar.
Confira as campanhas das quatro atléticas que chegaram às fases finais abaixo.
O bicampeonato amarelo e preto - Engenharia UDI
A estreia da Engenharia foi contra o time de Ituiutaba, a Exumadas. A partida foi tranquila para a atlética do Leão que abriu larga vantagem no primeiro tempo e segurou a bola para fechar o placar de 27 a 13. O jogo da próxima fase, as quartas de final, ocorreu no dia seguinte contra a Artes, que ficou sem o seu melhor jogador aos oito minutos do primeiro tempo e não conseguiu chegar perto de alcançar o placar, que ficou a favor durante todos os 50 minutos da Engenharia, vitoriosa por 29 a 14.
A Engenharia foi surpreendida na semifinal quando encontrou a Computação. No sábado (7), mais um jogo decisivo era disputado, e diferentemente dos anteriores, este seria complicado de vencer. O bom time do Lobo vinha com sede de vitória por já possuir a melhor campanha feita dos últimos 14 anos - anos que o ARQ UFU teve acesso - e ter eliminado uma das favoritas ao pódio, a Monetária.
O jogo foi acirrado e o placar foi mudando ponto a ponto. Quase no final da primeira metade, a Comp conseguiu virar o jogo, mas perdeu uma cobrança de sete metros e viu a Engenharia tomar as rédeas da partida novamente. Com a pausa para o intervalo, o Leão tinha 11 a 9 a seu favor e uma dura missão: parar o melhor jogador do time azul, Pedro Lallo. Missão dada é missão cumprida. A Engenharia retornou para o segundo tempo e com os embalados armadores Renes Junior e Lucas Reimer, que fizeram nove e oito gols, respectivamente, mais uma final garantida. Com o placar final de 26 a 22, o sonho do bicampeonato estava mais vivo que nunca.
Mais uma final contra o mesmo adversário. Para conquistar a sua terceira medalha de ouro no handebol masculino, a Engenharia UDI precisava ganhar, mais uma vez, da atlética campeã da Copa Inter Atléticas (CIA) de 2023: a Agrárias, que eliminou o Leão nas semifinais da competição disputada em junho. Em mais um domingo quente no G2, o mar preto e amarelo na arquibancada fazia a festa com a possibilidade de mais um título, enquanto a torcida do Javali não ficava para trás com os cantos.
Em mais uma partida brilhante de Renes Júnior que, além de atleta da Engenharia, foi o técnico do time feminino da atlética adversária da final, o Leão mantinha vantagem no placar. O time da Agrárias tentou com suas jogadas individuais, mas parou nas defesas de Nilson Ramos, goleiro da Engenharia, que fazia a sua melhor partida na competição e não deixou o adversário chegar perto do empate. A primeira parte foi encerrada com o placar de 12 a 9 para a atual campeã, que estava a 25 minutos de fazer história.
O último tempo do handebol na Olimpíada sacramentou a cor do título. A Agrárias não teve fôlego para buscar o placar, pois estava sem o seu capitão, Maicon Douglas, em quadra devido a uma expulsão no jogo passado. O Javali se via sem alternativas para tentar uma reação e, quando o juiz apitou o final da partida, a comemoração ficou para o lado amarelo e preto, com o bicampeonato conquistado.
O destaque da partida foi Nilson Ramos Filho, o goleiro já citado, que fez defesas espetaculares, e foi o responsável por deixar a partida “mais tranquila” para seu time. O graduando em Engenharia Química revelou qual foi a estratégia de preparação utilizada antes da grande partida.
“A gente chegou uma hora e meia antes do jogo, fui para o vestiário sozinho e fiquei refletindo e me preparando mentalmente para o que estava por vir. Imaginei que seria mais complicado do que realmente foi, especialmente para mim como goleiro”, disse. Questionado sobre a importância do segundo título consecutivo conquistado, ele contou que é muito especial e gratificante, já que sente que o dinheiro e tempo investido no esporte valeram a pena com o troféu.
Com 107 gols feitos, a Engenharia foi o melhor ataque da competição. Além disso, ficou como campeã geral da Olimpíada somando 310 pontos, 84 a mais que a segunda colocada, a Monetária.
O amargo vice-campeonato: Agrárias
Ficar como segundo melhor do campeonato é o sonho de muitas equipes, mas para quem o conquista, o gostinho de “quero mais” fica amargo na boca. A Agrárias, pela segunda vez consecutiva, quase chegou ao lugar mais alto do pódio mas teve o seu sonho interrompido pela Engenharia, além de ter sido penalizada na grande final sem poder contar com um dos seus melhores jogadores.
O trajeto até a final estava desenhado. A Agrárias entrou somente nas oitavas de final pela campanha da edição passada e, em sua primeira aparição, enfrentou o time da Moca, no qual encontrou uma dificuldade no começo, mas logo dominou a partida e saiu com a classificação para as quartas, disputada no dia seguinte. Seu próximo adversário foi o time da Humanas, que estava embalado pelo primeiro jogo, mas com poucos recursos dentro de quadra para competir em dois dias seguidos. O resultado de 24 a 22 colocou a Agrárias mais uma vez entre as quatro melhores da competição.
A semifinal foi disputada no dia 7 de outubro, um dia antes da sonhada final, contra um velho conhecido: a Medicina, refazendo a final da Copa Inter Atléticas (CIA) 2023, na qual o time do Javali queria o mesmo resultado positivo. A disputa parecia a mesma, mas com o objetivo diferente: se tornar a campeã da maior competição da Universidade e deixar a marca histórica na atlética era o objetivo de ambos.
O jogo iniciou acirrado, com marcações fortes e ataques intensos mexendo no placar eletrônico, que alternava com a vantagem entre um e outro, até que a Agrárias dominou e fechou o primeiro tempo com vantagem de três gols, 12 a 9. No segundo tempo, o clima esquentou e uma confusão no final definiu o caminho da Agrárias na competição. A Medicina tentou buscar o placar com Pedro Mamede no comando do ataque, mas jogadas individuais de Davi Moraes e Davi Mendes do Javali, juntamente com o goleiro que fez importantes defesas, mantiveram a soberania da Agrárias no confronto e mais uma final garantida. O placar fechou em 24 a 22.
A expulsão do capitão
Apesar da vitória, nos momentos finais do jogo aconteceu algo que poderia vir a definir a posição da vice-campeã da Olimpíada. Um cartão vermelho foi aplicado, desqualificando um dos atletas, mas não qualquer atleta, e sim, o capitão e um dos melhores do time: Maicon Douglas. A expulsão dele foi por conta do excesso de punições de dois minutos, mas diferente do futebol o cartão vermelho não caracteriza suspensão da próxima partida, até aí, o número 7 jogaria a grande final , mas ele não contava com um polêmico cartão azul.
A penalização aconteceu por uma briga generalizada ao final da partida entre os dois times. Segundo a súmula, a arbitragem considerou que o capitão estava em quadra realizando gestos antidesportivos contra a torcida adversária, o que teria provocado uma reação do técnico da Medicina, Denilson Cabral, que também foi considerada antidesportiva.
O cartão azul foi aplicado ao atleta, o suspendendo da próxima partida, no caso, a grande final. Tal suspensão causou revolta e descontentamento no time da Agrárias que alegou que Maicon não estava na briga, portanto, não seria cabível a aplicação do cartão.
No domingo (8), a final foi disputada. Sem um dos seus destaques para integrar o elenco, a Agrárias sentiu a falta do jogador e não mostrava seu melhor desempenho, com o sonho do título ficando mais distante a cada contra-ataque da Engenharia. Ao fim do primeiro tempo a vantagem era de três bolas para o adversário, com mais 25 minutos de jogo para buscar. Mas já na metade do segundo, a Engenharia abriu sete gols de vantagem, e os esforços de Matheus Ferreira e Davi Mendes, os destaques do Javali com seis e cinco gols, respectivamente, não foram o suficiente.
O apito final indicava mais uma medalha de prata para a sala da Agrárias, um ótimo resultado, mas a tristeza estampada na cara dos atletas foi a imagem do jogo.
Apesar do sonhado título não ter sido concretizado, o presidente do Javali, Leonardo Pimenta, popularmente conhecido como Marreta, demonstrou satisfação e orgulho da campanha da Agrárias.
“Pegamos o quinto lugar geral igual no ano passado, então isso mostra que não foi sorte, e sim um trabalho muito duro que vemos fazendo, com uma evolução muito grande na atlética”, ressaltou.
Marreta também contou quais são as metas da Atlética do Javali para o futuro. “O objetivo para o futuro é tentar subir cada vez mais. Chegar ao quarto lugar [geral], brigar por um terceiro, buscando cada vez mais conquistar posições acima".
O pódio completo com a Serpente: Medicina
Assim como na edição passada, a Medicina ficou com o bronze na modalidade do handebol masculino. Passando por Odonto e Direito, a Serpente ficou no meio do caminho quando enfrentou a Agrárias, e na última tentativa, bem-sucedida de medalha, derrotou o time da Computação.
Nas oitavas de final, a Medicina enfrentou a Odonto, que foi marcada pelo duelo entre os irmãos Pedro e Gustavo Mamede, com a presença da mãe na arquibancada, história contada aqui. Com grande superioridade, no dia seguinte, a Serpente veio a enfrentar o Guará, garantindo a vaga na semifinal para enfrentar um adversário de longa data: a Agrárias.
No domingo (8), a Medicina entrou em quadra para deixar, mais uma vez, sua marca no pódio e conquistar mais pontos na classificação geral. O adversário da vez era a Computação, atlética que havia deixado para trás uma das favoritas ao pódio, a Monetária
A partida em si foi morna e sem muitas emoções. A Medicina conseguiu disparar no placar sem muitos esforços, apesar das belas defesas do goleiro adversário, Luiz Otávio Dias, mais conhecido como Bahia, não foi suficiente para encostar no placar. O intervalo foi marcado pelos gritos de incentivo do lado de fora da quadra pela torcida do Lobo, que não surtiram o efeito esperado. A Medicina cravou o resultado e a medalha de bronze no peito com o placar de 26 a 16.
Um dos destaques da partida, o pivô Davi Laboissiere, contou para o ARQ UFU como foi a preparação para a disputa de terceiro lugar, após uma derrota dolorosa. “Nosso objetivo claro era a final, mas tivemos muitos contratempos: atletas importantes lesionados, adaptação do time, mas conseguimos contornar essas adversidades e colocar a Medicina no lugar que ela merece, que é entre os três melhores da universidade”.
Sobre a perspectiva do futuro do time, ele ressaltou: “A Medicina irá passar por uma fase de reconstrução no elenco, já que muitas pessoas formaram. Não temos muitos cursos para suprir a demandas de atletas, mas iremos continuar trabalhando para estar sempre entre os melhores”, finalizou.
Além do terceiro lugar no handebol masculino, a Medicina ficou em terceiro lugar na classificação geral com 210 pontos.
A surpresa da edição: Computação
A atlética de azul fez a sua melhor campanha na modalidade desde 2010, ficando em quarto lugar e surpreendendo a todos que acompanham o esporte quando eliminou uma das favoritas: a Monetária.
A trajetória da Computação, diferentemente das outras semifinalistas, começou na fase da pré-oitavas quando enfrentou a Odonto, uma partida tranquila que teve o placar de 21 a 10. Já nas oitavas, enfrentou a Fisioterapia em outro jogo de domínio azul, com o placar final de 24 a 6, mantendo, até ali, a melhor defesa da competição. Nas quartas de final, em jogo mais acirrado e complicado, deixou para trás a Atlética do Tamanduá, uma das apostas ao pódio, por 21 a 15.
O caminho até o pódio era complicado para a Computação, mas com o bom entrosamento, a atlética deu trabalho aos adversários. Na semifinal, enfrentou a futura campeã Engenharia e disputou o terceiro lugar com a vice-campeã do CIA, a Medicina. Apesar dos jogos não terem tido resultados positivos, o desempenho final e geral foi motivo de orgulho para a atlética do Lobo, que encerrou a sua melhor campanha na Olimpíada UFU 2023.
A Computação ficou em oitavo lugar na classificação geral da Olimpíada UFU com 103 pontos.
Atleta destaque da modalidade - Renes Júnior (Engenharia UDI)
O ARQ UFU não poderia deixar de mencionar o atleta destaque do handebol masculino da Olimpíada UFU 2023. Renes Nogueira Júnior, meia armador da Engenharia, foi o grande destaque da competição. Escolhido pela DIESU, ele ganhou o importante título pela primeira vez em sua carreira de atleta.
“Para mim, foi muito gratificante e especial receber esse prêmio. Foram muitos meses de treinamento intenso para chegar onde chegamos hoje com nosso time, além de todos os anos que tenho me dedicado ao handebol. Ser reconhecido como destaque da modalidade traz um forte sentimento de gratidão por todos que me acompanham e me apoiam nessa trajetória como atleta da engenharia e da UFU”, relatou o graduando em Engenharia Biomédica, emocionado com a nomeação.
Classificação geral do handebol masculino
Engenharia UDI
Agrárias
Medicina
Computação
Artes
Humanas
Direito
Monetária
Confira todos os jogos do handebol masculino na Olimpíada UFU 2023
Primeira fase (16 de setembro):
Monetária 26 x 3 Fisioterapia
Computação 21 x 10 Odonto
Direito 28 x 15 Eng. Pontal
Humanas 28 x 12 Psicologia
Artes 34 x 25 Exumadas
Educa 30 x 9 Moca
Exatas 51 x 18 Biológicas
Eng. Bio. Patos 26 x 7 Biologia Pontal.
Repescagem (17 de setembro):
Fisioterapia 18 x 3 Biologia Pontal
Odonto 27 x 18 Biológicas
Moca 24 x 20 Eng. Pontal
Exumadas 32 x 8 Psicologia.
Oitavas de final (29 e 30 de setembro):
Engenharia UDI 27 x 13 Exumadas
Agrárias 28 x 18 Moca
Medicina 27 x 16 Odonto
Computação 24 x 6 Fisioterapia
Direito 27 x 21 Eng. Bio. Patos
Humanas 28 x 16 Exatas
Artes 22 x 21 Educa.
Quartas de final (1° de outubro):
Computação 21 x 15 Monetária
Medicina 21 x 15 Direito
Agrárias 27 x 11 Humanas
Engenharia UDI 29 x 14 Artes.
Semifinais (7 de outubro):
Engenharia UDI 26 x 22 Computação
Agrárias 24 x 22 Medicina.
Terceiro lugar (8 de outubro):
Medicina 29 x 20 Computação.
Final (8 de outubro):
Engenharia UDI 25 x 18 Agrárias.
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