Depois do adiamento e apenas dois duelos na primeira semana, o esporte retorna para a Olimpíada UFU e conta com quatro ótimas partidas
Por Pedro Bueno
Não foram dias tranquilos para os fãs de handebol na Universidade Federal de Uberlândia. A prática do esporte foi cancelada na tarde do primeiro sábado da Olimpíada UFU, em 15 de outubro, por ordens da Prefeitura de Uberlândia. No entanto, a organização do evento realocou o handebol e os jogos foram disputados no G1, no Campus Educação Física, no último sábado, 22 de outubro.
Após resolver os imbróglios, os quatro jogos do handebol feminino que haviam sido adiados no primeiro fim de semana foram remanejados e ocorreram na principal quadra da Educa. Foram grandes duelos que contaram com apoio de uma grande massa de torcedores.
No primeiro jogo do dia, a Odonto mandou a Exumadas Pontal de volta para casa. Já no segundo confronto, a Agrárias atropelou a Humanas. Durante a tarde, o G1 foi palco do confronto mais equilibrado do handebol feminino até então, o qual terminou com vitória da Monetária diante da Biológicas. Fechando o dia de competições e as oitavas de final do handebol feminino na Olimpíada, o Direito não deu chances para a Fisioterapia e garantiu a vaga nas quartas de final.
Devido às alterações no calendário das competições, a próxima fase do handebol feminino ainda não possui data confirmada.
Odonto x Exumadas
O primeiro confronto do handebol ocorreu logo no início do sábado, às 8h da manhã. A Odonto duelou com a Exumadas Pontal e venceu com tranquilidade, podendo até diminuir o ritmo na etapa final.
Após abrir 9 a 2 nos primeiros 25 minutos, a equipe que conta com futuras dentistas administrou a vantagem e fechou a partida com o placar de 12 a 3. O segundo tempo, na realidade, ficou marcado por diversas faltas, punições de dois minutos para ambos os lados e poucos gols - foram apenas quatro bolas na rede.
Uma das destaques da partida, Katielle Dias, falou sobre esta segunda metade da partida, a qual já estava decidida desde os primeiros minutos por causa da enorme vantagem do seu time, a Odonto. “Então, a gente tentou segurar um pouco a vitória porque estava praticamente garantida, só que nós também estávamos muito cansadas. Por isso a gente tentou segurar mesmo e nesse segurar, elas começaram a atacar mais. Mas, assim, foi [um jogo] bem tranquilo”, ressaltou a estudante.
Mesmo sendo um confronto tranquilo, Katielle, autora de cinco dos 12 gols da Odonto, relatou que ficou bastante emocionada com a oportunidade. “Para mim, é muito importante porque eu sou caloura da turma 95. Entrei tem apenas quatro semanas, então nesse jogo mesmo eu fiquei muito emocionada. Eu sempre fui do esporte, sempre joguei handebol e, assim, senti uma emoção muito grande. Não sei nem explicar”, disse a atleta recém-chegada na UFU.
Por outro lado, o confronto serviu de experiência para a Exumadas Pontal, que está na sua primeira Olimpíada como atlética. Além disso, o time de handebol foi formado recentemente, como destacou a técnica da equipe, Luisa Araújo.
“A gente está com um time muito jovem, tanto de experiência, quanto de idade. Nós tivemos o total de seis treinos e eu estou extremamente orgulhosa porque elas conseguiram compreender a defesa e o ritmo do jogo, mas, infelizmente, ainda por uma questão mais de musculatura e preparo físico, elas ainda não conseguem penetrar defesas, principalmente como a da Odonto, que é uma defesa de meninas mais pesadas, mais experientes”, disse a treinadora.
Luísa não enxergou o placar de 12 a 3 como algo negativo, mas sim como uma oportunidade de evoluir, já pensando nos próximos torneios, deixando claro a essência da Olimpíada que é competir. “Então, estou muito satisfeita. Eu acho que isso vai servir no futuro para que elas cheguem nas próximas competições em melhores condições”, concluiu a técnica da Exumadas.
Agrárias x Humanas
O segundo jogo do handebol feminino do dia ficou marcado pela maior vantagem conquistada por um time. A Agrárias venceu a Humanas por 28 a 9, tendo assim 19 gols de diferença. A título de comparação, a Artes marcou 19 gols e ninguém marcou mais do que isso nas oitavas de final, ou seja, o volume de jogo da Agrárias, que acarretou essa enorme vantagem, chamou a atenção.
O desnível entre as duas atléticas pode ser explicado pelo baixo número de jogadoras da Humanas, além da falta de treinamento. A equipe começou com uma atleta a menos por falta de opções no banco e só esteve com seis pessoas na linha aos 10 minutos do primeiro tempo, ou seja, jogou em desvantagem numérica em quase metade da etapa inicial.
Além disso, dois ocorridos justificam o desempenho aquém da Humanas. Em determinado momento, o time esteve com apenas duas atletas de linha, visto que as jogadoras estavam sendo punidas por ‘dois minutos’ de forma recorrente. Além disso, durante o primeiro tempo, uma atleta que estava na linha foi para o gol, a fim de diminuir o prejuízo.
Por tudo isso, o jogo foi resolvido de forma rápida e se tornou praticamente um treino para a Agrárias, que utilizou bastante o seu elenco, como relatou a atleta Laura Andrade. “Então, nós tentamos, desde o começo, colocar bastante as ‘bixetes’ para jogar, para integrar. Depois disso, a gente foi trocando as jogadoras, tentando manter a calma e passar a calma para elas, que eu acho que é o mais importante”, disse a estudante de Veterinária.
Destaque da partida por fazer sete dos 28 gols da Agrárias, Laura também comentou a situação que resultou o adiamento das partidas do handebol e a mudança para o G1.“Foi bem frustrante. Acho que desde o começo com a quadra do G2 que eles não liberaram. Teve a pandemia inteira para liberar e não liberaram. Depois colocaram os jogos no Patrimônio sem poder usar cola, que é a mesma coisa de não poder jogar handebol. Então, liberaram a cola no Patrimônio e depois tiraram os jogos do Patrimônio. Enfim, eu gostei da opção de jogar no G1, achei uma opção muito boa e a gente está feliz. Tomara que continue aqui e tomara que a gente vá chegando na final”, finalizou a atleta.
Monetária x Biológicas
O terceiro confronto do sábado foi o jogo mais equilibrado e emocionante das oitavas de final. A Monetária derrotou a Biológicas por 15 a 11, mas o jogo esteve com uma curta diferença de gols até os minutos finais. Vale destacar que, dentre as partidas do handebol feminino, esta terminou com a menor vantagem no resultado, evidenciando o equilíbrio entre as equipes.
Uma das melhores jogadoras da partida foi Gabrielly Odete, conhecida como Bibi. A goleira da Monetária fez belas defesas e evitou um gol por meio de um tiro de sete metros quando a partida estava 12 a 10. Para ela, o jogo apertado é um resultado da primeira Olimpíada presencial depois da pandemia de covid-19. Bibi ainda destacou o potencial do seu time.
“Por conta da reformulação das equipes pós-pandemia, eu acho que todos os times ainda precisam se entrosar um pouco. Ao longo da Olimpíada, a gente precisa ter mais tranquilidade dentro de quadra, até mesmo para acertar o posicionamento de cada jogadora, bem como também entender o nosso adversário, porque tem muitas meninas da nossa equipe, por exemplo, que nunca jogaram handebol. Mas, acredito que, dentro da Olimpíada, o nosso time tem sim muita capacidade para evoluir, tanto questões táticas, quanto questões técnicas”, afirmou a estudante de Relações Internacionais.
A experiente goleira da Monetária ainda comentou sobre a presença da torcida na quadra do G1. Participando da sua terceira Olimpíada, Bibi não ligou com as provocações da torcida da Biológicas após um deslize e, após boas intervenções, contou com o apoio da sua torcida, que a ovacionou.
“O emocional e o psicológico, obviamente, precisam estar preparados para todo e qualquer tipo de situação no jogo. Essa é a terceira Olimpíada que eu estou jogando e já passei por isso, já estou acostumada, até porque não jogo somente o handebol. Mas, hoje em si, eu me senti mais confiante porque nosso time estava muito aguerrido. E sobre a torcida, é importante ter, eu concordo que precisa ter provocação mesmo. A gente tem que estar preparado para isso. Enfim, Olimpíada é isso”, concluiu Bibi.
Direito x Fisioterapia
Para finalizar o dia de competições, o Direito entrou em quadra e atropelou a Fisioterapia. O placar de 17 a 6 foi facilmente administrado pela tradicional atlética, que contou com o forte apoio da sua torcida nas arquibancadas da quadra do G1.
Mesmo com o jogo resolvido rapidamente, a goleira Sofia Paixão foi a grande destaque da partida, visto que fez ótimas defesas e evitou que o Direito tivesse problemas frente à Fisio. Muito experiente, a atleta está se despedindo da Olimpíada após seis anos vestindo a camisa da sua atlética.
“Eu já jogo há seis anos pelo Direito, essa é a minha última Olimpíada. Então, a gente tem treinado todas as semanas, desde o início do ano, passando pela CIA, e a gente não parou nas férias. Eu acho que a vitória é o resultado merecido diante da dedicação das meninas”, destacou a estudante.
Após falar do compromisso das suas companheiras de equipe, Sofia afirmou que é normal parar de treinar em alguns momentos, mas o grande foco do Direito é persistir. A goleira ainda destacou qual é o lema da equipe: “Eu também tenho treinado sempre, às vezes a gente para, mas o que importa é voltar, continuar tentando e jamais desistir. O nosso lema é esse, ‘não desistir’”.
Confira o placar completo e os próximos jogos do handebol feminino:
Oitavas de final do handebol feminino
Artes 19 x 12 Psicologia - jogo realizado na primeira semana de Olimpíada
Aplicada 6 x 15 Medicina - jogo realizado na primeira semana de Olimpíada
Odonto 12 x 3 Exumadas Pontal
Agrárias 28 x 9 Humanas
Monetária 15 x 11 Biológicas
Direito 17 x 6 Fisioterapia
Quartas de final do handebol feminino - estes jogos ainda não possuem horário e nem data confirmada pela organização
Agrárias x Direito
Medicina x Monetária
Odonto x Educa
Artes x Engenharia UDI
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