Atlética venceu a Olimpíada UFU após derrotar a Medicina na final; já na disputa de terceiro lugar, a Educa bateu a Agrárias e ficou com a medalha de bronze
Por Pedro Bueno
Altíssimo nível, ótimo ritmo de jogo, qualidade e emoção. Talvez estas sejam as principais definições do handebol feminino na Olimpíada UFU de 2022. A modalidade chegou ao fim no sábado, 26 de novembro, no G2, no Campus Educação Física, e a Engenharia UDI se tornou a grande vencedora, após uma campanha irretocável. Em três jogos, a atlética conseguiu se impor e, mesmo contra grandes adversárias, alcançou placares consideráveis.
Após derrotar a Artes por 15 gols de diferença e a Agrárias, já na semifinal, por sete bolas na rede a mais, a Engenharia bateu a Medicina com uma vantagem de nove gols. O placar de 23 a 14 talvez não represente o nível semelhante das equipes, mas evidencia quão confiantes e focadas no resultado estavam as futuras engenheiras, que não deixaram o forte time da Medicina ficar à frente do placar na decisão.
O mesmo domínio foi visto na disputa de terceiro lugar, onde a Educa se impôs desde o início da partida e venceu a Agrárias por 29 a 15. O destaque do confronto foi Tita, autora de 15 gols no mesmo jogo, recorde nesta edição do handebol feminino na Olimpíada UFU.
Foram duas vitórias sólidas nos jogos finais, mas não há dúvidas de que foi uma competição com muitas disputas. Equipes que deixaram a competição nas quartas de final poderiam estar protagonizando a final, visto o ótimo nível apresentado nas fases iniciais. Porém, no esporte, só vence um time. Algumas boas equipes ficaram pelo caminho e, assim como a competição geral, o título do handebol feminino ficou com a tradicional Engenharia UDI, que conquistou o bicampeonato da competição.
As campeãs
Entraram diretamente nas quartas de final - assim como a Educa, devido ao regulamento. Depois disso, foram três vitórias ‘tranquilas’ que coroaram o título do handebol feminino. Obviamente, a tranquilidade vista dentro de quadra só foi possível pelo nível apresentado pela Engenharia UDI. Desde a estreia até a final, o time aparentava estar bastante focado no título e não se distraiu, tanto que foi campeão de forma incontestável.
Na final, a equipe não deu brechas para qualquer investida da Medicina. No segundo tempo, as futuras médicas até ensaiaram uma reação, mas não conseguiram colocar em prática, e a Engenharia UDI disparou. A título de exemplo, no minuto 11 da etapa final, a atlética campeã vencia por 16 a 11 e terminou a partida com 23 a 14 no placar, ou seja, sofreu apenas três gols nos últimos 15 minutos de competição. Sem dúvidas, foi uma campanha muito sólida.
E essa solidez é justificada pelo trabalho das atletas, que se mostraram muito empenhadas em busca do título, como destacado por Jayc Castro. Destaque da Engenharia UDI na final com sete gols, a estudante de Engenharia Química falou com o ARQ UFU após o título e detalhou a determinação da equipe em busca da conquista.
“A gente se preparou a cada jogo com muita seriedade. O nosso técnico, Rhaymer, preparou a gente, cada detalhe, cada jogada foi muito bem pensada. Então nós estávamos bem preparadas para qualquer disputa, para qualquer time. A gente tinha muita confiança no nosso time. Cada uma, ao olhar dentro de quadra, sabia exatamente o que tinha que fazer. Treinamos muito forte para estar aqui, para pegar esse título, que era o nosso objetivo”, disse a atleta da Engenharia UDI.
Em meio à final, Jayc se destacou e acabou sendo protagonista de uma das imagens mais chamativas da competição. Pela qualidade e poder de decisão, a atleta foi marcada individualmente por Beatriz Menezes, camisa 18, e a tática da Medicina era não permitir que a futura engenheira jogasse. Só que isso não atrapalhou o desempenho da Engenharia, que seguiu dominando a partida. Jayc comentou como vê esta marcação especial.
“Eu vejo como um elogio e até trabalhamos fácil dessa forma. A gente já estava sabendo que elas iam vir com essa marcação, então nós estávamos preparadas para isso. A gente achou até que a marcação ia ser mais cedo, então já tínhamos toda a jogada preparada para essa marcação. Eu estava tranquila, pois confio nas minhas jogadoras. A gente estava preparada para esse cenário e deu tudo certo”, afirmou.
É certo que Jayc se destacou, principalmente na decisão, porém outra jogadora da Engenharia UDI também recebeu uma marcação individual. A Medicina deixou claro que se preocupava também com Larissa. As donas das camisas 7 e 9 da Engenharia se destacaram durante todo o torneio e ainda protagonizaram um bonito momento após o apito final, quando falaram sobre a experiência de jogarem lado a lado.
“Eu tenho muita confiança, muita tranquilidade de jogar com a Larissa. Eu sei exatamente como a gente joga, uma do lado da outra. Em nenhum momento eu tive dúvidas de que isso iria dar certo por conta dela, de todo o esforço que ela coloca nesse time e toda a habilidade dela. Ela é maravilhosa e eu estava muito confiante de jogar ao lado dela, como sempre, em todos os campeonatos”, disse Jayc.
“Eu e a Jayc temos uma afinidade incrível. A gente sabe onde a outra está dentro de quadra. Eu pego a bola para puxar o contra-ataque e eu olho para ela. O passe nela sempre dá certo. Então, a nossa amizade dentro e fora de quadra ajuda bastante. A gente sempre sabe que tem uma a outra e que vai sair de um jeito ou de outro, justamente porque temos uma a outra”, afirmou Larissa, um pouco emocionada com o momento e com as falas.
Um título merecido pelo brilho destas duas atletas e de todo um time que não vacilou. Desde o início da competição, a Engenharia UDI mostrou seriedade, solidez e não possibilitou nenhuma 'zebra', conquistando desta forma o bicampeonato da competição. Uma campanha irretocável com 67 gols feitos, três vitórias e um troféu conquistado!
A vice-campeã
É claro que ficar na segunda posição não é o melhor cenário. Chegar à final é a chance de conquistar o objetivo traçado há meses. Bater na trave dói. No entanto, a Medicina deve se apegar ao fato histórico: a atlética sequer esteve entre as oito melhores do handebol feminino em 2019 e saiu da Olimpíada UFU de 2022 como vice-campeã. É digno de comemorações, sim!
Desde a primeira fase, a Med fez boas partidas: venceu a Aplicada por 15 a 6 e derrotou em jogos bem ajustados a Monetária e a Educa, equipes que são tradicionalíssimas no handebol. A atlética da saúde se impôs, mostrou a qualidade das suas atletas e colocou no peito a medalha de prata, mesmo em uma final com desempenho abaixo do esperado.
A Medicina não conseguiu se comportar da mesma forma na decisão da Olimpíada UFU e ficou atrás do placar durante todo o confronto. Porém, Maria Júlia Padovani, destaque da atlética e da modalidade, como premiada pela organização do evento, falou sobre o processo que o time está inserido em busca de um futuro vitorioso no handebol.
“Eu falei isso para as meninas que um time campeão, ele é construído. Nenhum time que é campeão já chega sendo campeão. Então ele anda alguns degraus para chegar ao topo e, com certeza, o trabalho ao longo desse ano foi caminhando rumo ao topo. Pode não ter sido o resultado esperado, mas realmente foi um resultado muito satisfatório. Alguns podem chamar de sorte e sorte para mim é vir treinar todos os dias no campo da Educa, que isso que eu estava fazendo”, pontuou a melhor jogadora da competição, segundo a organização.
Já o treinador Denilson Cabral, conhecido como Coração, evidenciou a importância de disputar a final de uma Olimpíada, até mesmo pelo alto nível das adversárias. “Eu falo sempre para as atletas que chegar à final é o nosso principal objetivo. Ali chegam os melhores, os que têm mais condições, os que mostraram realmente resultados. E final sempre é um jogo bem difícil, jogo equilibrado. Então, por mais que a gente queria ganhar e tinha condição de ganhar este campeonato, temos que sair de cabeça erguida pelo que a gente fez. Foi um resultado histórico”.
Em meio a uma ótima campanha, a Medicina não conseguiu repetir as boas atuações e nem protagonizar novamente uma reviravolta, como fez na semifinal. A ausência de Thais pode ter sido determinante. A camisa 52 era uma das destaques da equipe e não jogou a final por compromissos particulares. A falta foi sentida por Maria Júlia, mas a atleta não justificou a derrota pela ausência da sua companheira.
“Então o time é um conjunto, né? E sem uma peça do conjunto, pode ser que a gente não funcione da forma mais eficiente. Com certeza, a Thais fez falta, é uma grande jogadora. Só que, com ou sem ela, nós somos o time da Medicina. E nós estamos aí, jogamos bem e é isso”, concluiu a futura médica.
A medalha de bronze
Encarar uma disputa de terceiro lugar com seriedade, vontade e determinação é uma das maiores provas de esportividade. E Educa e Agrárias mostraram que estavam a fim de levar a medalha de bronze para casa. Entretanto, o brilho das ‘donas da casa’ não deixaram as rivais se imporem e a vitória foi conquistada de forma tranquila no G2.
A Educa dominou o jogo desde o início, tanto que terminou o primeiro tempo com a vantagem de sete bolas: 11 a 4. A etapa final o time até sofreu mais gols, mas nada que colocasse o terceiro lugar em risco. Placar final: 29 a 15. Um jogo sólido de uma equipe que sobrou nas quartas de final contra a Odonto e perdeu a semifinal por uma bola, contra a Medicina. Até por isso, Ana Flávia Buiatti falou sobre esta campanha da Educação Física.
“A gente conseguiu esse terceiro lugar, que não foi o que a gente queria, muito menos do que a gente merecia. Não merecíamos estar aqui nesse terceiro lugar. A gente merecia estar na final, mas não vem ao caso. Enfim, eu fico muito feliz que a gente conseguiu jogar bem esse jogo e que as meninas conseguiram jogar sem mim, porque acaba que nosso time é pouca gente, porque é um curso só, entram 40 pessoas por turma. Então é um time muito pequeno que, se faltar uma menina, vai fazer falta, mas eu fiquei muito feliz da gente ter conquistado este terceiro lugar”, disse a atleta, que passou por uma situação inusitada.
A própria ausência citada por Ana Flávia foi um dos grandes episódios do handebol feminino na Olimpíada UFU de 2022. Por uma confusão da atlética Educa no momento da inscrição, a atleta não pôde jogar a competição. Ela ficou como auxiliar técnica, apoiando as suas companheiras, mas a impossibilidade de jogar o torneio chateou a futura educadora física.
“Foi muito difícil. É uma coisa que a gente nem acredita que acontece, porque eu descobri dentro da quadra. Não estava preparada para isso. Foi no aquecimento da semifinal que eu descobri. E foi muito, muito, muito difícil mesmo, porque naquele momento eu senti que o time precisava de mim e que eu não ia poder ajudar o time de forma alguma. Eu senti como se eu tivesse deixando as meninas na mão. Aconteceu, foi um erro, não fiquei feliz. Eu acho que ninguém ficou feliz. Mas acontece e deu tudo certo”, relatou Ana Flávia Buiatti.
E para que Ana Flávia comemorasse esse terceiro lugar, a Educa contou com o brilho de uma das melhores jogadoras da Olimpíada. Ana Vitória, conhecida como Tita, já havia se destacado com 14 bolas na rede contra a Odonto, nas quartas de final, e marcou 15 vezes diante da Agrárias. Com desempenho individual chamativo, a atleta falou sobre a importância de sair com a medalha de bronze.
“Então eu acho que foi muito importante esse terceiro lugar. A gente estava com um pouco de medo de jogar, porque estávamos sem a Ana Flávia. Uma das nossas outras jogadoras machucou também, mas foi muito bom poder ajudar o time a conquistar esse terceiro lugar”, disse a estudante de Educação Física.
Tita ainda relatou ao ARQ UFU que a Educa contou, nesta Olimpíada UFU, com um time recém-montado e, mesmo assim, conquistou o bronze. “Basicamente a base do time é nova. Eu acho que vai sair só duas meninas. O resto é todo mundo novo. A gente começou a treinar juntas agora. Muitas aprenderam o handebol agora. Somos um time novo, mas a gente conseguiu treinar e alcançar o terceiro lugar”, concluiu a atleta.
O quarto lugar
Chegar à semifinal e ficar em quarto lugar certamente não é o objetivo de ninguém. Ao conquistar a vaga entre os quatro melhores times do torneio, qualquer equipe sonha com a possibilidade de levar uma medalha para casa. Não foi o que aconteceu com a Agrárias, porém é importante lembrar os feitos da atlética nesta competição, visto que foi uma campanha bem marcante e que é digna sim de comemorações.
Logo nas oitavas de final, a Agrárias venceu a Humanas por 28 a 9 e protagonizou a vitória mais elástica do handebol feminino nesta edição da Olimpíada UFU. Além disso, a atlética esteve em quadra no grande jogo da competição. Contra o Direito, nas quartas, a vitória por 16 a 15 arrancou suspiros e gritos da torcida. Sem dúvidas, foi o jogo mais emocionante e imprevisível do torneio.
Portanto, o resultado ruim da disputa de terceiro lugar não apaga a bela campanha feita pela atlética do Javali. No entanto, a derrota por 29 a 15 para a Educa, o desempenho aquém, principalmente na primeira etapa, e a saída da competição sem uma medalha deixou uma sensação negativa na Agrárias, como relatado por Laura Andrade, uma das destaques da equipe.
“A gente está agora com o gostinho de ‘quero mais’. Queremos uma preparação mais forte agora para os próximos torneios, tanto para o feminino quanto para o masculino. A gente quer fechar, no ano que vem, com medalha e com pódio”, disse a representante da Agrárias, que foi vice-campeã no handebol masculino.
Já o treinador Manuel Porto também destacou o sentimento de que o time poderia ter ido além, mas apontou a possível evolução da atlética. “Ficou aquele gostinho de ’faltou só um pouquinho’. É o começo de um trabalho que está sendo bem promissor. Se a Agrárias protagonizou bons jogos, pode esperar que a gente vai vir mais forte ainda”.
Além da promessa do técnico, Laura Andrade também comentou que o time da Agrárias será mantido para a próxima Olimpíada. “A gente está com promessa de jogadores que estão entrando, mas a base continua. Ainda bem”, afirmou a atleta.
Nota de agradecimento
Para finalizar esta cobertura, é necessário agradecer o carinho de todos os envolvidos no handebol feminino com o projeto ARQ UFU. Desde a primeira fase até a final, tanto árbitros, quanto jogadoras e técnicos, foram atenciosos em todos os momentos e ajudaram bastante no conteúdo produzido. Muito obrigado e até a próxima!
Classificação do handebol feminino
Engenharia UDI
Medicina
Educa
Agrárias
Artes
Monetária
Odonto
Direito
Aplicada
Humanas
Psicologia
Biológicas
Exumadas Pontal
Fisioterapia
Oitavas de final
Artes 19 x 12 Psicologia - 15/10/2022
Aplicada 6 x 15 Medicina - 15/10/2022
Odonto 12 x 3 Exumadas Pontal - 22/10/2022
Agrárias 28 x 9 Humanas - 22/10/2022
Monetária 15 x 11 Biológicas - 22/10/2022
Direito 17 x 6 Fisioterapia - 22/10/2022
Quartas de final
Medicina 21 x 18 Monetária - 05/11/2022
Artes 7 x 22 Engenharia UDI - 05/11/2022
Odonto 13 x 24 Educa - 05/11/2022
Agrárias 16 x 15 Direito - 05/11/2022
Semifinais
Engenharia UDI 20 x 13 Agrárias - 20/11/2022
Educa 22 x 23 Medicina - 20/11/2022
Disputa de terceiro lugar
Agrárias 15 x 29 Educa - 26/11/2022
Final
Engenharia 23 x 14 Medicina - 26/11/2022
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