Cachorro lota arquibancada do G1 e impede o tetra da Engenharia nas cobranças de sete metros; Agrárias vence a Medicina na disputa do bronze
Por Pedro Franco
Educa vinha de um terceiro lugar em 2022 e um vice em 2023 I Foto: Pedro Franco
Mais uma Olimpíada UFU chegou ao fim, e neste ano, foram sete finais de semana preenchidos por luta, gritos, suor, lágrimas e enfim, a glória. A Educação Física vingou a final de 2023 e derrotou a Engenharia em um jogo histórico. Em meio a recuperações e viradas, a Agrárias também venceu a Medicina pelo bronze.
Educa - campeã
Na quadra do atualmente interditado G2, em 2023, a Educação Física entrou no ginásio com o sonho do título, mas esse sonho foi frustrado pela Engenharia, que conquistou o tricampeonato seguido naquele dia. Um jogo de frustração, desolação e a pior tortura possível para um atleta, o “e se?”.
E se a bola tivesse entrado? E se a defesa tivesse bloqueado? E se a glória tivesse vindo? E, um ano depois, agora com o G1 como palco, as mesmas protagonistas voltaram: dois rivais que inevitavelmente se encontram como se assim desejassem os deuses, que se deliciam com o embate. Mas em 2024, eles queriam um novo roteiro, e ele foi movido por um dos combustíveis mais eficientes da história humana: a revanche.
Handebol foi uma das poucas modalidades sediadas inteiramente no campus Educa I Foto: Pedro Franco
“Sonhamos com esse título faz muito tempo. Estávamos engasgadas com elas há muito tempo, e sabíamos que a gente merecia. E merecemos, foi lindo, foi emocionante”, disse Ana Flávia Buiatti, camisa 8, artilheira da Educa na final e melhor atleta do campeonato.
Durante toda a partida, a maior distância no placar foi de dois gols, nunca mais do que isso, mas cheio de viradas. Dessa forma, o primeiro tempo terminou em 8 a 7 para o Cachorro, e a inquietação dentro e fora de quadra. Com o ginásio lotado e as torcidas em uma só conexão com suas atletas, a simples ideia de respirar poderia comprometer o equilíbrio.
Com a vinda do segundo tempo, veio também a recuperação de Engenharia, que conseguiu a virada, mesmo que por um ponto, e seguiu nessa posição. A euforia no banco do Leão era tamanha que sua comissão técnica mal conseguia se conter, prontos para entrar em quadra e desviar uma bola que ia em direção ao gol, com confiança que, após o perigo, mais um título viria. Até a última bola.
No que seria o apagar das luzes, a Educa empatou o jogo, o que por pouco não resultou em uma invasão do exército azul na quadra. Logo após isso, veio o apito final para fim do tempo regulamentar, 14 a 14, e muita comemoração da torcida da Atlética do Cachorro.
Na prorrogação, dois tempos: um com maior domínio de cada. No primeiro, uma melhor atuação das futuras educadoras físicas, já no segundo, as futuras engenheiras se sobressaíram. Dessa maneira, a partida estava destinada a ser decidida nas cobranças de sete metros.
Foi então que brilhou a estrela de Larissa Carvalho, goleira da Educação Física, eleita a melhor da partida com todos os méritos. A atleta se tornou uma muralha frente ao gol e garantiu o título não somente da modalidade, mas de heroína. Após derrotar Biológicas, Odonto e Agrárias, finalmente o fantasma foi exorcizado: a Educa venceu a Engenharia e se consagrou campeã do handebol feminino na Olimpíada UFU 2024.
Engenharia - 2º lugar
Ganhar é sempre bom, mas ganhar sempre é impossível. A saga em busca do sonhado tetracampeonato deixou pelo caminho o Direito, a Monetária, e a Agrárias, mesmo que o objetivo não tenha sido alcançado. Uma grande equipe sempre disputa, e não há como tirar esse feito das atletas da Engenharia.
A final foi o único jogo decidido nas penalidades I Foto: Pedro Franco
Em uma partida onde não é possível indicar um time dominante durante o tempo que a bola estava em jogo, por conta das constantes trocas de liderança no placar, a Engenharia nunca pensou que o tetra era impossível. Com a marcação do primeiro ponto da partida e a capacidade de recuperação, não se viu um time qualquer dentro de quadra.
O Leão teve mais posse de bola, mas por muitas vezes não conseguiu se desvencilhar do forte bloqueio da Educa, que foi bem sucedida em anular as valências das oponentes. Uma marcação pesada e implacável: isso representa algo que as então campeãs podem se orgulhar.
Com sua torcida presente como sempre, mesmo após a derrota na última cobrança e com as comemorações e provocações dos adversários em quadra, o mar amarelo e preto continuava a cantar. Abandonar sua equipe não foi uma opção, e com o orgulho de um trabalho bem feito, a expectativa de grandes jogos continua para os próximos anos.
Agrárias - 3º lugar
No jogo de sábado, o Javali derrubou a Serpente. Após a derrota para a equipe que viria a ser campeã, uma rápida recuperação e cabeça no lugar se tornaram imprescindíveis, pois uma medalha ainda estava em disputa, e as meninas da Agrárias seguiram um dos mantras da atlética: “joguem como bebemos”.
A euforia em quadra demonstrou a importância dada ao jogo. Com fortes cobranças dentro do próprio time, erros não seriam tolerados: elas tinham um objetivo e, acima disso, um compromisso. Vestir a camisa de sua atlética na busca por uma medalha não é uma simples tarefa, é um pacto.
Agrárias repetiu a dose da Olimpíada passada e derrotou a Med na disputa pelo bronze I Foto: Ítana Santos
“Jogar handebol é sempre uma loucura. Sempre os dois times entram bem nervosos. Demos uma decaída na partida, mas conseguimos nos recuperar, voltar e aproveitar os espaços.” disse Paula Miguel Mattos, camisa 71 e aluna de Zootecnia, que cobrava suas companheiras em busca do melhor desempenho.
O Javali abriu seis pontos no início do jogo e foi para o intervalo vencendo por 11 a 9, mas tomou o empate no começo do segundo tempo. Poucas equipes conseguem retornar de oscilações assim, mas o preparo serve para esse tipo de situação. Ao assumir a dominância no final da partida, o objetivo foi atingido, com o bronze assegurado.
Medicina - 4º lugar
Sempre uma das protagonistas no handebol feminino, a Medicina não conseguiu uma posição no pódio este ano. Mas isso não apaga a grande partida pelo bronze, com uma recuperação após começar perdendo por seis gols, para um empate em 12 a 12 no começo do segundo tempo, e até mesmo uma virada.
A mudança de mentalidade e o sentimento de honra foi percebido pelos que acompanhavam a partida. A camisa 24, Maria Júlia Padovani, liderou a remontada. Era comum ouvir a atleta gritando instruções durante o jogo e repreendendo erros. A liderança, então, surtiu efeito e, para uma equipe que parecia sumida em quadra, ela mostrou que a Med ainda estava lá.
Tudo isso com o incentivo da torcida, que estava presente em peso no G1, em um sábado às 11h, e acompanhou a recuperação com grande euforia como sempre, uma marca registrada. Com um aproveitamento de 50% após vencer Odonto e Fisioterapia nas fases anteriores, ao final, uma questão fica: a Medicina vai se recuperar e voltar mais forte para o próximo ano, ou seria o fim de um poderoso ciclo?
Mesmo lutando, o bote da Serpente não foi capaz de derrubar o Javali I Foto: Ítana Santos
Classificação final
1º AAA Educação Física
2º AAA Engenharia
3º AAA Agrárias
4º AAA Medicina
5º AAA Odontologia
6º AAA Monetária
7º AAA Direito
8º AAA Fisioterapia
Atleta-destaque (DIESU): Ana Flávia dos Reis Buiatti (Educa)
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