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“As falecidas Manada e Anabólica vivem hoje com a gente para manter de pé a Intravenosa”

  • Foto do escritor: Arquibancada UFU
    Arquibancada UFU
  • 11 de mar.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 21 de mar.

Em meio a desafios, lutas e dificuldades, o amor pela bateria é o que os consolida no cenário universitário da UFU


Por: Laura Malavolta


“A gente tem muita fé na capacidade que essa bateria tem”, desabafa Keith Evelyn, uma das fundadoras da Intravenosa. | Foto: Acervo Pessoal


Durante a pandemia de Covid-19, houve a unificação dos cursos de Enfermagem e Nutrição, que resultou na criação da Atlética Aplicada. Junto a isso, o desejo de que uma bateria fosse formada se consolidou entre os membros,  dando origem a Bateria Intravenosa. “Nós queríamos muito que a Atlética tivesse uma bateria, então abraçamos essa ideia”, disse Keith Evelyn, estudante de Enfermagem e uma das idealizadoras da Intravenosa. 


Antes da junção, cada uma possuía suas respectivas baterias: Bateria Manada (Enfermagem) e Bateria Anabólica (Nutrição). Apesar da criação, nenhuma era ativa. Sendo assim, após dada a largada no novo capítulo das atléticas e movidos pela vontade e pelo sonho de instituir a nova bateria, os primeiros passos foram dados para que tudo se tornasse realidade. Ganhando alguns instrumentos e recrutando pessoas para fazerem parte. 


Keith relata que o projeto começou sem ninguém que já tivesse experiência no âmbito de bateria universitária. “A gente começou do zero, sem saber nada sobre bateria ou criação de música, pedindo ajuda para todas as baterias do Umuarama, do Santa Mônica e até da própria Ufuteria”, relembra a atual mestre.


A princípio, o desconhecimento sobre a bateria universitária era uma realidade prejudicial para a Intravenosa. Como não era algo presente nos cursos e por sua criação ter sido concretizada no cenário pandêmico, muitas pessoas não demonstraram interesse por não saber da existência. 


“A partir do momento em que começam a ver o quanto a gente se diverte, se integra, que não é só nos ensaios que a gente se encontra, que realmente criamos laços de amizade, faz com que se crie um público maior”, afirma Keith Evelyn. Mesmo assim, a falta de ritmistas ainda assombra a bateria. Muitas vezes não há pessoas o suficiente para tocar todos os instrumentos, então os membros atuais precisam se desdobrar para suprir e fazer a apresentação acontecer, apesar de, teoricamente, cada um ter sua função fixa. 


A Intravenosa não possui um estilo de música único. Todo mundo gosta de tocar e aprender um pouco de vários gêneros, porém, sempre mantendo o foco nos estilos variados de samba. “Como ainda somos uma bateria muito nova, não se criou uma personalidade para o estilo musical. É mais pegar uma música que gostamos muito e transformar ela em uma batida, um toque”, comenta Pedro Jesus, estudante de Enfermagem e ritmista da bateria. 


Apresentações e realizações


Apesar de ter sido fundada em meados de 2021, a primeira apresentação da Intravenosa só aconteceu um ano depois. | Foto: acervo pessoal


A Intravenosa fez sua primeira apresentação da história no Desafio de Baterias do DCE UFU em 2023, como bateria convidada. Até então, eles nunca haviam se apresentado em público por conta de ainda ser um projeto muito novo e estarem todos em fase de aprendizado. “Recebemos esse convite e ficamos muito animados! A partir daí começamos a ensaiar com mais assiduidade e entregar mais pela bateria”, relata a mestre. 


Esse momento foi a virada de chave para que o nome da Intravenosa começasse a circular no ambiente das baterias universitárias, provando que mesmo jovem, não faltava potencial e garra para se consolidar. Um exemplo disso foi o convite feito no mesmo ano pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN), que permitiu que a bateria se apresentasse na Semana da Enfermagem, realizada pela instituição em 23 de maio. 


Dentre os muitos objetivos a serem alcançados, o mais desejado por todos os Angurs – nome dado aos integrantes da bateria –, é tocar na Balatucada, a maior competição de Baterias Universitárias do país. Por enquanto, seguem se apresentando apenas em eventos universitários e acadêmicos, como o Vem Pra UFU, Agita UFU e festas próprias. 


Maria Eduarda Peixoto, atual presidente da bateria, afirmou que a próxima meta a ser batida é tocar na Copa Inter Atléticas (CIA). “Agora em 2025 nós não conseguimos porque vimos que ainda somos muito pequenos para chegar na CIA assim, tanto financeiramente quanto na questão de membros e de apresentação, mas com certeza iremos trabalhar esse ano e no próximo com muito foco para irmos preparados”, declara.


Os desafios pelo caminho


Ao contrário da realidade de muitas baterias da UFU, a Intravenosa não vê o período de pandemia como algo ruim. Membros mais antigos afirmam que o projeto ter sido criado nessa época fez com que o tempo de planejamento e estruturação fosse melhor administrado para que o contato pessoalmente futuramente tomasse um rumo mais certeiro e leve. Embora a distância e a dificuldade de se encontrar fosse desafiador, a vontade e a expectativa de fazer dar certo prevaleciam e fortaleciam os laços criados entre os idealizadores.


Porém, nem tudo são flores, principalmente quando se trata de uma iniciativa tão nova. A maioria dos membros que compunham a bateria desde a sua fundação até 2024 estavam nas etapas finais de seus cursos, o que acarretou na necessidade de haver uma reestruturação pouco tempo depois. Keith afirma que todos sofreram um enorme baque pois perderam muitas pessoas importantes da equipe em razão de precisarem se dedicar aos últimos períodos da faculdade. “Ficaram várias lacunas dentro da bateria de pessoas que vão fazer falta, porque acaba que a gente fica defasado. Por mais que tenhamos ajuda de outras baterias, às vezes ainda falta”, completa a estudante de Enfermagem. 


Atualmente, a equipe é composta por 21 integrantes, sendo um deles o treinador. A divisão de membros para cada instrumento é feita da seguinte maneira: duas ritmistas para surdo de primeira, dois para surdo de segunda, um para surdo de terceira, três no chocalho, quatro no agogô, três na caixa, um no tamborim e três no repique.


A ‘BBzinha das B.U’


“É muito bonito ver que nossos cursos se juntaram para um bem maior”, como comenta Pedro Jesus, ritmista da bateria. | Foto: acervo pessoal


Por ser a bateria mais nova criada em todos os campi da Universidade Federal de Uberlândia na época, as demais já existentes apelidaram carinhosamente a Intravenosa de “BB”, uma alusão à gíria comumente utilizada da palavra “bebê” com a palavra “bateria”. Desde então, é conhecida e chamada assim não apenas internamente, mas também pela maioria dos integrantes do cenário das Baterias Universitárias da UFU, com o apelido sendo utilizado até mesmo no hino da instituição. 


Hoje, os Angurs não são mais os “bixos das B.U.s”, porém, acreditam e defendem fielmente que esse nome continua pertencendo a eles e garantem que continuarão a utilizá-lo. “Nós seremos para sempre ‘BB’! É o nosso mascote, está no nosso hino, não vamos abrir mão!”, brinca a presidente Madu. 


Quanto mais, melhor


O cenário das Baterias Universitárias é visto por todos os membros como um “ambiente familiar”, não se sente o mesmo espírito de rivalidade e competição que é tão presente entre as atléticas. O apoio e a amizade criados nesse meio foram essenciais para o desenvolvimento da Intravenosa, que desde o começo recebeu ajuda de praticamente todas as baterias de Uberlândia, e essa união perdura até os dias de hoje, em todos os quesitos. “A gente tentou levar nossa bateria para ser uma bateria de torcida na última Olimpíada, mas chegou no dia e deu um pouco errado, foi muito pouca gente. A bateria da Fisio, a Muleta, eles viram aquela situação e nos ajudaram, nos emprestaram instrumentos, tocaram com a gente, e foi muito legal”, relembra a presidente. 


E essa sensação de acolhimento é o que incentiva muitos membros a continuarem sendo parte deste movimento. Maria Clara Melo, estudante de Enfermagem e vice-presidente da Intravenosa, diz que o aprendizado que se tem tocando com outras baterias é uma das razões pelas quais ela escolheu ser uma ritmista. “Essa sensação é muito boa e foi um dos motivos que me fizeram vir para a bateria. Os meninos passaram uma energia familiar, de acolhimento. E o relacionamento com as outras [baterias], principalmente com a Invasora, quando tocamos juntos no ‘Vem Pra UFU’, é mágico”, comenta.


Antes da unificação das atléticas, que foi um ato visto com maus olhos por diversos membros já existentes na época, a integração entre os cursos de Enfermagem e Nutrição era bem difícil, de acordo com a mestre Keith Evelyn, e após se tornarem uma só instituição, as coisas passaram a se tornar muito mais leves entre os estudantes, e isso com grande ajuda da Intravenosa. “Uma coisa que a Intravenosa trouxe e que eu percebo muito ao longo desses anos é essa união. É a gente [estudantes de Enfermagem] olhar pro pessoal da Nutrição sem um olhar de competição pro mercado de trabalho e conseguir integrar todo mundo”, explica Keith. 


Como se tornar um ritmista Angur?


A Intravenosa sempre promove ensaios abertos para quem deseja acompanhar o trabalho de perto. | Foto: Laura Malavolta


A Intravenosa não possui um processo seletivo propriamente dito. Os interessados em fazer parte da bateria devem comparecer às aulas da Escolinha que acontecem às terças e quintas-feiras às 18h, durante um mês. A concentração para se preparar até o local onde são realizados os ensaios é feita no Centro de Convivência (CC) do campus Umuarama. Os critérios avaliados para ser um ritmista da ‘BB’ são: demonstrar interesse, ter muita dedicação e manter uma boa frequência (pelo menos 50% de presença durante o período de teste). 



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