Nas quadras do Udi Tennis, Javali conquista o ouro masculino e o Guará leva o título feminino; Monetária fica com a prata nos dois naipes
Por Mateus Batista
Matheus Estevão, da Agrárias, e Ana Clara Farias, do Direito, já foram finalistas em edições anteriores da Olimpíada UFU, mas nunca haviam conquistado o título | Fotos: Mateus Batista
Depois de 57 partidas ao todo e 43 dias de competição, o tênis de campo chegou ao fim na Olimpíada UFU. Com jogos adiados pela chuva, tempestades de 8/0 nas fases iniciais e confrontos de tirar o fôlego, o torneio foi recheado de emoções, e terminou com o título de Matheus Estevão, da Agrárias, na modalidade masculina, e Ana Clara Farias, do Direito, na feminina. A cerimônia de premiação será realizada no próximo domingo (10), no campus Educa.
O representante do Javali avançou para a final após o W.O. de Arthur, da Monetária, e bateu Luiz Eduardo, também da Money, por 2 a 0 (6/0 e 6/2). Luiz havia eliminado Pedro, do Direito, nas semifinais, com uma vitória por 2 a 0 (6/4 e 6/1). Não houve disputa de terceiro lugar, por conta do W.O. de Arthur, que estava viajando nos dois dias de jogos e não participou da disputa. A situação ainda está sendo analisada pela organização do campeonato.
Já a atleta do Guará derrotou Maria Clara, também do Tamanduá, por 2 a 0 (6/0 e 6/0). Nas semifinais, Ana derrotou Bianca, da Educa, por 2 a 0 (6/2 e 6/0). Já Maria Clara avançou para a decisão após a desistência de Letícia, da Engenharia, no dia anterior. A representante do Leão, que era a atual bicampeã da modalidade na Olimpíada UFU, conquistou o bronze após vencer Bianca por 6/0 e 6/1.
Mudança de regulamento
Após as quartas de final, o regulamento previa uma mudança no sistema de pontuação da competição: em vez de ser disputado apenas um set com oito games, as semifinais, disputas de terceiro lugar e finais teriam outro formato: melhor de três sets, onde os atletas deveriam vencer seis games para conquistarem um set.
Em caso de empate por 5 a 5 em games, os oponentes deveriam conquistar mais dois games, e não apenas um. Apesar da possibilidade do jogo chegar em um 6 a 6, a partida seria decidida no game seguinte, ou seja, o placar mais “apertado” de um set poderia ser 7 a 6, o que não aconteceu. Já em caso de empate em sets, haveria um “super tie-break”, onde quem vencesse 10 pontos primeiro seria declarado vencedor da partida.
A forte defesa do Guará
Em sua terceira Olimpíada UFU, Ana Clara tinha um objetivo em mente: conquistar o ouro. De acordo com a estudante do sétimo período de Direito, essa pode ter sido sua última Olimpíada, por conta de uma possível formatura no meio do ano que vem. “Sair com o ouro assim é muito bom!”, declarou.
“Na primeira que eu joguei, bati na trave e fiquei em segundo. E nas edições seguintes, deu muita vontade de ganhar. Eu ficava ‘eu quero esse ouro, eu quero esse ouro!’”. E ele veio em grande estilo: na primeira fase, Ana derrotou Lohanna, da Engenharia, por 8 a 0. E já nas oitavas, teve um dos confrontos mais equilibrados de toda a competição.
Após o jogo, Ana e Giovanna destacaram que a amizade das duas começou graças ao tênis | Foto: Mateus Batista
Ana Clara enfrentou Giovanna, da Odonto, atual vice-campeã da Olimpíada UFU. Na partida, a atleta do Guará abriu 5 a 0 em games, mas viu a adversária encostar e ganhar quatro games seguidos, diminuindo o placar para 5 a 4. Apesar disso, Ana voltou aos eixos e conquistou a vitória por 8 a 4.
Em alta após chegar nas quartas novamente, Ana veio sem medir esforços, derrotando Maria Clara, da Moca, por 8 a 0. Porém, a partida, que seria disputada no dia 19, foi adiada para o dia 26, por conta das fortes chuvas que impossibilitaram a disputa da modalidade.
Sem chuva e com clima ensolarado, as últimas partidas de Ana na Olimpíada UFU 2024 tiveram uma tônica: defesa muito consistente, saques potentes e poucos erros em quadra. O início foi equilibrado nas semifinais, onde a atleta do Guará e Bianca, da Educa, empatavam em 2 a 2, em um duelo de duas jogadoras resilientes que apresentavam longos rallies.
Após a derrota no quarto game da partida, Ana Clara não teve mais nenhum revés na Olimpíada UFU | Foto: Mateus Batista
Mas depois do 2 a 2, Ana Clara disparou não apenas na partida, mas sim no restante do torneio: foram 22 games seguidos com vitória. Ela venceu o primeiro set conquistando os últimos quatro, e fechou a segunda parcial com 6/0, com ataques potentes e um saque que dificultou a recepção da atleta do Cachorro.
Na decisão, o duelo contra Maria Clara, da Monetária, foi um resumo de sua campanha na competição: saques fortes, uma defesa de elite e mais uma vitória, dessa vez por 6/0 e 6/0, para confirmar o primeiro título da tenista do Guará, que já tinha um vice em 2022.
O poderoso ataque do Javali
Matheus Estevão já chegou na competição como o grande favorito ao ouro, principalmente por conta do vice-campeonato do ano passado. Com um estilo de jogo que alia precisão e força, o atleta da Agrárias iniciou o campeonato já nas oitavas de final, sem precisar passar pela primeira fase por conta da campanha anterior.
Apesar disso, o nervosismo da estreia na Olimpíada desse ano passou longe de Matheus. No duelo com João Pedro, do Direito, vitória por 8 a 1, mesmo depois do estudante do quarto período de Medicina Veterinária ficar um mês sem jogar, por conta de dificuldades em conciliar os treinos com o curso.
Pode-se dizer que o duelo das quartas, disputado no dia 26 de outubro, finalizou um dia agitado para o campeão. Ele estava na disputa do tênis de mesa no mesmo dia, mas no campus Educa, vencendo o representante da Gnomada por W.O. no primeiro jogo, e desbancando Matheus, da Educa, nas oitavas, caindo apenas para Dalmo, que conquistou o bronze pela Computação, nas quartas.
Mas, no tênis de campo, a história foi diferente. Em um dos confrontos mais aguardados da competição, que começou com leve atraso para que as quadras pudessem secar completamente, o jogo contra Leonardo, da Engenharia, foi marcado pelo equilíbrio entre os atletas.
Após o fim do jogo, Matheus elogiou Leonardo e destacou o equilíbrio da partida | Foto: Mateus Batista
Mesmo abrindo um 3 a 1 como vantagem inicial, Matheus não teve vida fácil. Com muita resistência, o atleta do Javali viu seu adversário equilibrar o jogo e conquistar games, deixando o placar em 5 a 4 para o tenista da Agrárias. Quando o placar marcou 6 a 5 para Matheus, a consagração veio: vencendo os dois últimos games, ele conquistou a vaga nas semifinais com um 8 a 5 emocionante.
Nas semifinais, Matheus avançou direto após Arthur, da Monetária, não comparecer ao Udi Tennis por conta de uma viagem. Na decisão, o duelo contra a Monetária veio, mas com outro atleta: Luiz Eduardo.
Matheus, agora, se via na situação oposta do último campeonato. Se no ano passado ele estava em sua primeira Olimpíada, enfrentando um adversário mais experiente, agora ele era o adversário experiente, encarando um estreante promissor, que prometia dar trabalho para o favorito.
O roteiro do ano passado se repetiu, mas a cor da medalha do tenista da Agrárias mudou. No primeiro set, Luiz até mostrou resistência, mas os ataques fortes do representante do Javali impediram que ele aplicasse seu estilo de jogo, e Matheus venceu por 6/0.
No segundo set, o jogo mudou. Nos dois primeiros games, Matheus não manteve o ritmo e viu Luiz abrir 2 a 0 de vantagem. Tentando se concentrar, o tenista da Agrárias dava “broncas” em si mesmo quando errava, e distribuía incentivos e vibração quando acertava. Dessa forma, ele virou o jogo, fazendo 6/2 e comemorando o título pela primeira vez na competição, após o vice de 2023.
O fair play entre os atletas chamou atenção durante todo o campeonato | Foto: Mateus Batista
O poder do Tamanduá
Mesmo sem conquistar o título, a Monetária foi a atlética que teve mais representantes classificados para as semifinais, com três: Luiz Eduardo e Arthur no masculino, e Maria Clara no feminino. A única exceção foi Nicole, que caiu logo antes, nas quartas de final. Ou seja, todos os representantes da Atlética do Tamanduá chegaram no top-8 da competição.
No masculino, Luiz Eduardo desbancou Henrique, da Psico, por W.O.; Arthur, da Gnomada, por 8 a 3; e Vinícius, da Odonto, por 8 a 0. Já Arthur havia derrotado Lawan, da Odonto; Sérgio, da Computação; e Eli, da Exatas, todos por 8 a 0. No feminino, Maria Clara venceu Amanda, da Agrárias; Júlia, do Direito; e Amanda, da Psico; todas por 8 a 2. Por fim, Nicole eliminou Yasmin, da Medicina, por 8 a 0 e Bianca, da Psico, por 8 a 2, antes de cair para Bianca, da Educa, por 6 a 8.
Luiz venceu seu confronto das semifinais contra Pedro, do Direito, por 2 a 0 (6/4 e 6/1), em um jogo bastante equilibrado, onde o tenista do Tamanduá mostrava sua força, enquanto o representante do Guará mostrava mais precisão nos ataques. Com isso, o primeiro set não teve nenhuma quebra de serviço (quando o atleta sacando é quem vence o game) até o 4 a 4.
Em sua primeira Olimpíada, o estudante do curso de Administração mostrou que é capaz de conquistar o ouro em um futuro próximo | Foto: Mateus Batista
A partir dali, Luiz virou o jogo e conseguiu fechar o primeiro set em 6 a 4. Após isso, ele dominou o segundo set, muito por conta de uma estratégia que é característica do estudante de Administração, como ele explicou ao ARQ UFU.
“No tênis, é conhecido como saque-e-voleio. Você saca e já corre pra rede pra fazer o voleio, buscando matar o ponto mais fácil. E como eu considero que meu saque dá uma dificuldade maior pro adversário devolver, quando eu subo para a rede, ele devolve na minha mão, aí fica mais fácil de finalizar o ponto”, detalhou.
Já Maria Clara avançou direto nas semis, após a desistência de Letícia, da Engenharia. Na decisão, ela caiu para a campeã Ana Clara, do Direito, mas a campanha chamou atenção: foram três vitórias tranquilas, todas por 8 a 2. Outro que teve campanha tranquila foi Arthur, que havia vencido todos os seus jogos anteriores por 8 a 0, mas que não compareceu aos jogos do último final de semana.
Maria Clara contou com apoio da torcida da Monetária na decisão | Foto: Mateus Batista
A mordida do Leão
A atual bicampeã do tênis na Olimpíada UFU, Letícia Gomides, era a grande favorita para a conquista do título, que seria a quinta conquista em sua estante. Porém, nas semifinais, quem esteve presente no Udi Tennis ficou surpreso ao vê-la assinando sua desistência da partida contra Maria Clara Bettini, da Monetária.
Apesar dos boatos de uma possível lesão no punho, Letícia ressaltou que não jogou por conta de uma questão de horário no trabalho. “A única decisão que eu tinha era de sair do meu trabalho para vir aqui e assinar para não dar o W.O., para poder disputar o terceiro lugar. Então eu saí de lá, assinei o termo e voltei, mas foi puramente por falta de consenso em horário mesmo”.
Por conta disso, ela teve o direito de disputar a disputa de terceiro lugar, contra Bianca, da Educa. E Letícia mostrou porque era a grande favorita para conquistar o tricampeonato: uma vitória por 2 a 0 (6/0 e 6/1) seguiu a tônica de sua campanha. Antes disso, a representante do Leão havia avançado direto pela primeira fase, e venceu Júlia, da Biológicas, e Raquel, da Medicina, ambas por 8 a 1.
Ao todo, Letícia soma quatro títulos no tênis de campo da Olimpíada UFU | Foto: Mateus Batista
Resultados
Feminino:
1º lugar: Ana Clara - Direito
2º lugar: Maria Clara - Monetária
3º lugar: Letícia - Engenharia
4º lugar: Bianca - Educa
5º ao 8º lugar (ordem alfabética): Amanda (Psico), Maria Clara (Moca), Nicole (Monetária) e Raquel (Medicina)
Masculino:
1º lugar: Matheus - Agrárias
2º lugar: Luiz Eduardo - Monetária
3º lugar: Pedro - Direito
4º lugar: Arthur - Monetária*
5º ao 8º lugar (ordem alfabética): Eli (Exatas), Leonardo (Engenharia), Ricardo (Medicina) e Vinícius (Odonto)
*Arthur chegou até as semifinais, mas relatou que estaria viajando nos dias de disputa e não compareceu aos últimos dois jogos. A situação ainda está sendo analisada pela organização para determinar se os pontos conquistados pelo atleta serão dados para a Monetária, e se ele poderá disputar a próxima edição da Olimpíada UFU.
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