Entre ritmos percussivos e tradição, Computaria completa uma década de história
- Arquibancada UFU
- 4 de abr.
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Atualizado: 10 de abr.
De sonho à realidade, a bateria é marcada por dedicação e união
Por Ester Moraes

A Computaria é uma das baterias mais consolidadas no cenário universitário da UFU | Foto: Luiz Fernando Coelho (@lfcoelho)
O Começo
Fundada no dia 29 de março de 2015, a Computaria conta com membros dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Inicialmente, a bateria surgiu com o objetivo de expandir a atlética associada aos cursos de Computação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mas o encanto pela batucada e a persistência fortaleceu ainda mais a longa jornada da bateria.
A ideia nasceu em 2014, quando um grupo de amigos se reunia em casa para realizar confraternizações, mas o projeto só saiu do papel no primeiro ensaio da bateria, em 2015.
O ex-presidente e também um dos fundadores, Marcell Morum Souza Santos, mais conhecido por Morum, conta que nomeou a bateria, e que, a princípio, houve divergências pela decisão do nome, pois os colegas achavam que não teriam credibilidade com os jurados de competição e com outros grupos pela escolha, que se tornou um símbolo identitário da bateria.
Morum comenta também sobre os desafios para conseguir os primeiros instrumentos de percussão e que, durante esse processo, juntamente com o apoio dos colegas do Congado e membros da própria atlética, a Computaria conquistou os primeiros instrumentos, como surdos e repiques. “Nossos instrumentos eram muito precários ainda. Eram surdos de madeira que já tinham tomado chuva, além de repiques e taróis que faltavam peças”, destacou.

Registro do último ensaio para o evento da Batuca Minas de 2016 | Foto: @bateriacomputaria (reprodução/Instagram)
Com o apoio de outras baterias que eram mais consolidadas na época, a Computaria tocou pela primeira vez no evento da Intercomp, em 2015. Muitos integrantes ainda não sabiam como tocar os instrumentos, mas a vontade de aprender e a sede de fazer dar certo falou mais alto. Finalmente, o barulho se transformou em ritmo e, para Morum, depois daquele dia, a Computaria era uma realidade, e não apenas uma ideia elaborada no papel.
O ex-presidente relata que a bateria se tornou a sua segunda família e que o maior legado que o projeto deixou para ele são as amizades que fizeram parte desse processo desde o início.
“Sempre falo para não deixar de fazer amizades, porque a bateria realmente é uma família, ela traz pessoas para sua vida. Tem a questão mais técnica que assusta muita gente no início, desde aprender um instrumento até entrar em um palco, mas o mais importante são os relacionamentos que construímos dentro dela”, completou Morum.
Atual gestão
Lucas Silva Figueiredo, estudante de Sistemas de Informação e atual presidente da Computaria, relata que sempre apreciou música e que a bateria foi um ponto de apoio para ele. O presidente iniciou tocando repique e, com seis meses de participação, foi convidado para fazer parte da gestão.
Ele se estabeleceu inicialmente na diretoria de Patrimônio e, depois de um ano, assumiu o cargo atual. Lucas menciona que se encontrou na bateria e conquistou muitas amizades que serviram como suporte durante a trajetória do curso.
A responsabilidade de manter uma bateria ativa e conquistar novos ritmistas não é uma tarefa simples. O vice-presidente Douglas de Souza Nascimento Santos, apelidado de Donatello, que também compõe a nova diretoria, ressaltou que fazer parte da gestão é um compromisso desafiador. Ele comenta que agora se vê na função de apresentar a bateria para estudantes que ainda não conhecem, e conduzir novos membros para somar à Computaria.
“Para mim, a Computaria é um desafogo, tanto da faculdade, quanto do profissional. A bateria está aqui para ser algo mais leve. Por mais que agora tenho mais responsabilidades, tocar no final de semana é muito prazeroso e descontraído”, concluiu Donatello.

A sala da bateria fica localizada ao lado externo do bloco 1B no Campus Santa Mônica | Foto: Tainá Brasil
“Bateria por opção, família por acaso”
Quem conhece a Computaria sabe que ela exala companheirismo e união. A bateria reúne diferentes pessoas que compartilham uma paixão em comum. Mas, para além do aspecto musical, as relações e o acolhimento são os mais essenciais, como é o caso de Felipe Duarte, mais conhecido por Dumbo.
Felipe, que já passou pela presidência, conta que, a princípio, não tinha interesse em conhecer a bateria, mas a oportunidade apareceu quando ele mais precisou. “Eu não estava animado para sair de casa, tinha acabado de entrar na faculdade, e meu melhor amigo, que já conhecia a bateria, insistiu muito para eu ir com ele. Logo no primeiro dia fui bem acolhido.” Para Dumbo, a bateria é um lugar onde ele conseguiu se expressar e ser ele mesmo.
Fazer parte da bateria é uma vivência única. O lema “Bateria por opção, família por acaso”, estampado nas suas roupas, não é em vão, e a sensação de pertencimento é um efeito comum entre os integrantes. O ritmista João Vitor Ferreira entrou na bateria em 2016, em um momento em que ela ainda não era tão engajada. João conta que logo aprendeu a tocar os instrumentos e, um tempo depois, começou a ensinar os novatos que chegaram naquela época.
“Gosto de lembrar as pessoas que iniciaram isso tudo: o ‘Foguete’ (Pedro Henrique), o ‘Piolho’ (Caio Franco), o ‘Zedu’ (José Eduardo) e o ‘Morum’. Agradeço demais esses caras por terem me mostrado o mundo que eu faço parte até hoje.” 2024 foi o último ano de João Vitor como ritmista da Computaria, mas ele comentou que pretende seguir acompanhando a bateria tão amada.

Em 2024, o ensaio de recepção contou com a participação de mais de 50 pessoas, sendo a maioria “bixos” | Foto: Tainá Brasil
Dos ensaios aos palcos
O processo para subir no palco é algo que começa meses antes. A preparação passa por um processo de criação que consiste em treinos e adaptação de referências musicais para a apresentação final.
O atual mestre, Rick Gomes, entrou na bateria por influência de amigos e comentou como foi para ele assumir essa posição. “Sempre fui empenhado no que eu fazia na bateria e tive todo o suporte necessário que me fez virar mestre. Nunca fui bom em teoria musical, mas sempre estive rodeado de pessoas que me apoiaram”, apontou.
Rick comentou também sobre os desafios durante e depois da pandemia, já que alguns membros desanimaram da bateria, enquanto outros tiveram que voltar para suas cidades. Mas, aos poucos, a Computaria conseguiu suprir as dificuldades com os ensaios de recepção, que têm conquistado cada vez mais novos ritmistas.
A disposição e a dedicação de longos anos em atividade trouxeram conquistas marcantes. A Computaria conquistou o primeiro resultado em 2017 no desafio de baterias do Diretório Central dos Estudantes (DCE), que foi um único estandarte de instrumento complementar.
Em 2022, a bateria subiu ao palco da Batuca Franca pela primeira vez e levou o primeiro lugar da divisão de acesso, com um total de cinco estandartes, incluindo o de melhor mestre. Além disso, alcançou o quarto lugar geral e dois estandartes, sendo eles agogô e repique, no evento do DCE em 2023.

A Computaria irá disputar na segunda divisão do Desafio de Baterias da Copa Inter Atléticas 2025 | Foto: Luiz Fernando Coelho (@lfcoelho)
A Computaria estava em reformulação e sem muitas expectativas quando conquistou o inédito terceiro lugar da divisão ascendente na Taça das Baterias Universitárias (Tabu) em 2024. Felipe Duarte, que estava à frente da presidência, comentou que o troféu não foi fruto apenas da gestão dele, mas sim de um trabalho de dez anos de pessoas que só queriam fazer um ritmo e nem pensavam em competição.
“A gente não imaginava que, em reformulação, nós íamos conseguir uma parada tão grande que colocou nossa cara no cenário. Levar uma bateria de dois cursos, que é mais difícil, torna tudo isso maior. É uma sensação de muita gratidão, depois de todo suor e estresse”, relembrou Felipe.
Como ser um ritmista da Computaria?
O ensaio de recepção é o evento mais importante para quem deseja fazer parte da bateria. A admissão de novos integrantes não inclui processo seletivo, e não é necessário saber tocar instrumentos, nem ter conhecimento musical. Basta frequentar os ensaios e estar interessado em aprender e praticar.
Os ensaios abertos acontecem aos domingos, às 16h, na área externa da prefeitura. Já os ensaios de sexta-feira, que são realizados na Reitoria, no Campus Santa Mônica, acontecem às 19h e são dedicados aos ensaios de pré-campeonato, mas todos são bem-vindos.
No domingo (6), a Computaria realizará, a partir das 16h, um ensaio aberto especial de aniversário para celebrar a longa jornada da bateria. A celebração ocorrerá na prefeitura, com a presença de ritmistas, não ritmistas e baterias convidadas. Para mais informações e para acompanhar a bateria, siga @bateriacomputaria no Instagram.
Ótima matéria!
amei!
Coisa linda!!!💙