Cartões vermelhos, atletas machucados e bons jogos ditaram o ritmo do fim de semana
Por Bruno Stocco
Atual campeã, Exatas volta para mais uma disputa de medalha | Foto: Filipe Couto
Duas fases do vôlei masculino ocorreram durante o fim de semana (2 e 3), ambas no Sesi Gravatás. As quartas de final da Olimpíada UFU foram no sábado, no modelo melhor de três. As semifinais se desenrolaram no domingo em partidas com até cinco sets. Após isso, foram definidas as duas últimas partidas da competição: Fisio e Exatas farão a disputa de terceiro lugar, enquanto Monetária e Engenharia são as finalistas.
Quartas: Fisioterapia x Educa
Em um dos jogos mais caóticos de toda a competição, os espectadores viram também uma das melhores exibições de voleibol. O primeiro set foi um grande reflexo do que seria a partida até o fim. A Fisio começou com uma vantagem de 6 a 1, que durou pouco tempo. A Educa conseguiu a virada para 18 a 12, e grande parte da remontada se deu com Gabriel Rossmann e Jefferson Ferreira. A liderança ficou com o Cachorro até o set fechar em 25 a 17.
No segundo set, o início foi parecido, com vantagem para o Crocodilo. Uma mudança tática permitiu uma melhora grande da equipe. O capitão, Vinícius Sartori, saiu da função de levantador, mas se manteve em quadra para atacar. Com Leonardo Campos na distribuição de jogadas e um ataque fortíssimo, a Fisio não ficou atrás do placar em nenhum momento e empatou o jogo com 25 a 22.
O tie-break reservou mais surpresas negativas para a Educa. Durante o segundo ponto do terceiro set, Gabriel caiu mal e se machucou, e os próprios jogadores da Fisio foram socorrer. O jogo ficou parado por um bom tempo, mas quando voltou, a atlética laranja e azul não tinha clima para continuar da mesma forma.
Apesar da dor e do choro, Gabriel apoiava a equipe do lado de fora. A Educa não conseguiu reagir a tempo, e foi derrotada. Não apenas pela tristeza, mas também pela grande atuação de Sartori. O jogador de duas funções foi eleito o melhor da partida.
1º Set: Fisioterapia 17 x 25 Educa
2º Set: Fisioterapia 25 x 22 Educa
3º Set: Fisioterapia 15 x 8 Educa
Quartas: Engenharia x Moca
O adversário da atlética verde e preta foi definido já na sequência. O embate entre Engenharia e Moca foi uma partida de nervosismo, onde os dois lados cometeram erros inéditos até então. Mesmo assim, grandes jogadas surgiram e alguns rallies empolgaram a torcida. O primeiro set se manteve em igualdade até André da Costa, da Moca, entrar no saque com o placar em 14 a 14. Ele só saiu da posição um quando os atletas de Monte Carmelo estavam à beira da vitória por 25 a 15.
O segundo set foi bem parecido com o anterior. Com os times mais calmos e a Bateria Charanga tocando ainda mais alto, o jogo virou. Os ataques entraram fortes dos dois lados e os erros diminuíram. Quando o placar estava em 16 a 13 para a Engenharia, outra sequência no saque finalizou a parcial. Dessa vez o dono da bola foi Samuel Rodrigues, levantador do time aurinegro, que só parou de sacar no último ponto. Tudo acabou empatado em 25 a 13.
O equilíbrio dos primeiros pontos do set foi visto mais uma vez no tie-break. Quando André fazia ponto de um lado, Fellipe Diniz devolvia do outro. Até que, na vantagem de 13 a 11 para a Moca, Filipe Vieira bateu a cabeça na grade de proteção. O impacto foi tão grande que ele não conseguiu se levantar e, após o atendimento médico, foi retirado de quadra. Como aconteceu no jogo anterior, o time do atleta lesionado sentiu a perda, tomou a virada e foi derrotado por 16 a 14.
1º Set: Engenharia 15 x 25 Moca
2º Set: Engenharia 25 x 13 Moca
3º Set: Engenharia 16 x 14 Moca
Semis: Engenharia x Fisioterapia
No domingo, as duas atléticas que precisaram virar o placar nas quartas se enfrentaram por uma vaga na final. As mudanças do dia anterior se mantiveram: Vinícius Sartori não era o levantador e Fellipe Diniz reforçou o ataque dos futuros engenheiros. “Não estávamos jogando com essa equipe, então acho que foi muito bom pra gente poder pegar ritmo”, contou Fellipe sobre o sábado de jogos.
Outra semelhança foi o decorrer do jogo: o primeiro set passou por completo sem ninguém conseguir abrir vantagem. Os erros surgiram nos momentos em que os times assumiram riscos para tomar a vantagem, o que nunca foi alcançado. Até o final da parcial, o Leão estava apenas dois pontos à frente, com 20 a 18. No ritmo do batuque, Vitor Penteado conseguiu um ace decisivo, que garantiu a vitória por 25 a 19 para o Leão.
O segundo set já foi bem diferente. A Charanga aumentou o volume da música, e o time acompanhou. A Engenharia mal errou ataques ou saques, mesmo ao forçar jogada após jogada. Mérito de Samuel Rodrigues, que soube levantar a bola exatamente para quem era necessário. A pressão passou para o lado da Fisio, que jogava contra sons altos, adversários em êxtase, e precisava se manter em igualdade.
O nervosismo criado em cima da equipe rendeu um cartão vermelho coletivo. O efeito da punição foi o contrário do esperado. O Crocodilo passou a ser mais efetivo e reagiu com Lucas Cordeiro e Vinícius Carrijo. Mas a vantagem era grande demais para correr atrás, e a Engenharia fechou em 25 a 18. Segundo Fellipe Diniz, “cada um jogou não para si, mas para o time. Acho que isso fez a diferença”.
No terceiro set, o time se viu à beira da eliminação, os jogadores carregaram a força do set anterior e logo assumiram a liderança por 10 a 5. O uso equilibrado dos ataques da Fisio transformou o jogo. Apesar disso, as falhas continuaram acontecendo até o último momento, o que gerou reclamações e outro vermelho para a equipe. O Leão teve o ponto do jogo em 24 a 22, mas a ansiedade de resolver a partida de uma vez atrapalhou. “A gente quase ganhou, mas a emoção bateu e deixamos eles ganharem”, explicou Fellipe. A atlética verde e preta se aproveitou e pontou quatro vezes seguidas, ganhando o set por 26 a 24.
O quarto set começou ainda mais tenso que os anteriores. A Engenharia queria impedir a intensa reação e a Fisio queria continuar a impôr seu ritmo. A batalha de vontades fez tudo ser um enorme caos. Sempre que alguém tomava a liderança, o adversário virava. A troca de líderes durou todo o set, o que fez tudo ser mais imprevisível.
No fim, a decisão ficou nas mãos da estrela da Engenharia, Fellipe Diniz, que engatou ponto atrás de ponto. A Fisio teve a oportunidade de levar o jogo ao tie-break, com o placar em 24 a 23 em seu favor, mas a chance escorreu pelos dedos. O que não aconteceu com Fellipe, que finalizou o jogo em 26 a 24, e deu a vaga na final para a Engenharia.
1º Set: Engenharia 25 x 19 Fisioterapia
2º Set: Engenharia 25 x 18 Fisioterapia
3º Set: Engenharia 24 x 26 Fisioterapia
4º Set: Engenharia 26 x 24 Fisioterapia
Quartas: Monetária x Infernal
Do outro lado da chave, a Monetária entrou em quadra contra a Infernal em um duelo de brilhar os olhos. Uma estrela em específico ofuscava os olhares da torcida: Régis Júnior, dos vermelhos e azuis. O capitão foi eleito pelos árbitros como o melhor desta partida. Levantamento após levantamento, ele alçou voo para cravar a bola no chão.
No primeiro set, a participação de Régis foi um ponto de segurança para fugir da pressão adversária, já que o Dragão de Três Cabeças não deixou o Tamanduá desgarrar em nenhum momento. A segunda estrela do dia foi Luiz Gabriel, que marcou pontos decisivos no fim da parcial para garantir a vitória por 25 a 20.
O segundo set teve um ritmo diferente. Os atletas da equipe do campus Pontal passaram por dificuldades no saque, e viram seu aproveitamento diminuir. Grande parte pela defesa da Money, que mantinha as bolas no ar com uma teimosia incessante. Outro ponto importante para o resultado foi a lesão do terceiro atleta do dia, Daniel Rodrigues, da Infernal. O choque da torcida e dos companheiros atrapalhou mais uma vez a equipe com o lesionado, e a atlética vermelha e azul ganhou com 25 a 14.
1º Set: Monetária 25 x 20 Infernal
2º Set: Monetária 25 x 14 Infernal
Quartas: Exatas x Medicina
A partida com os futuros médicos foi a única de sábado sem atletas lesionados | Foto: Bruno Stocco
Se tem um animal que pode dominar o ambiente selvagem, esse é o Gorila: mesmo quando compete com outros grandes predadores, ele dificilmente sai de mãos vazias. No primeiro set, a vantagem do placar se manteve com a Exatas. Mais uma vez, o destaque ficou com Enzo Tales, que além dos pontos, mostrava muita vibração nas comemorações. A empolgação deu o set para a atlética rubro-negra por 25 a 22.
Na busca pela semifinal, a Serpente mostrou suas presas no segundo set. Ataques firmes e um bloqueio quase intransponível formaram uma combinação perigosa para a Exatas encarar, e a serpente em questão era na verdade uma cobra: Crotalus durissus, ou Cascavel. O chocalho tinha um nome diferente: Medonha.
A bateria avisava cada preparação para o bote do time em quadra, e os adversários não conseguiram se segurar no primeiro set. Em uma parcial apertada, quem venceu esse combate foi a Medicina, por 26 a 24.
No terceiro tiebreak das quartas de final, a diferença vista nos dois primeiros sets desapareceu. A parcial decisiva foi resultado de cada gota de suor, de cada pulo, de todos os esforços dos presentes. Desde o começo, quem teve a vantagem foi a Medicina, mesmo que por pouco. Até o empate em 12 a 12. Com requintes de tortura para os torcedores, a Exatas garantiu a vaga nas semis por 15 a 13.
Mas a vibração da Serpente continuou. A bateria deu show, tocou sem parar depois do jogo, como quem agradecia a cada mordida dada pelo time. Muitos atletas se emocionaram e agradeceram. Para além de brigas e reclamações, esse é o tão belo espírito olímpico.
1º Set: Exatas 25 x 22 Medicina
2º Set: Exatas 24 x 26 Medicina
3º Set: Exatas 15 x 13 Medicina
Semis: Monetária x Exatas
As duas estrelas vermelhas da Monetária entraram em quadra mais uma vez no domingo. A disputa dela era pela vitória, e também pelo brilho mais forte entre eles. Luiz Gabriel e Régis Júnior jogaram um jogo a parte do restante dos atletas. Ponto a ponto, a briga para ser o maior pontuador e melhor da partida foi criada.
“As viradas de bola são o meu papel, eu tenho que assumir a responsabilidade diante de meninos tão novos que estão vindo na nova geração, e dar esse título para eles”, conta o capitão da Money.
Desde o começo, já era nítido o teor ofensivo desse confronto. Enquanto as estrelas cruzavam os céus, os bloqueios se esticavam para parar qualquer bola que fosse. No chão, Guilherme Gomes foi o líbero da Exatas com a difícil missão de impedir os ataques. Na prática, foi um jogo complicado para todos, mas Enzo Tales e Eli Carlos ajudaram o Gorila a ficar colado nos adversários. O primeiro set acabou com 25 a 22 para a Monetária, com Luiz e Régis nos dois pontos finais.
A primeira parcial do Tamanduá foi imponente, tal qual o próprio animal assusta suas presas. De braços abertos e pernas esticadas na frente da Exatas, as garras saíram e pressionaram mais do que antes. A vantagem foi ampliada para 25 a 15, com as estrelas mais quentes do que nunca. O terceiro set também mudou. A Monetária jogou sem Luiz, que saiu com 11 pontos marcados, e a Exatas colocou Enzo, também com 11 pontos, para levantar. Com as trocas, Régis dominou.
O Gorila foi guerreiro, mas não conseguiu virar e acabou eliminado em 25 a 20. No total, foram 16 pontos para o capitão, que foi eleito pelo terceiro jogo consecutivo como o melhor da partida. De olho na final, a Monetária não perdeu nenhum set até aqui, e Régis explica por que: “Juntamos o grupo e falamos que ninguém tira isso da gente esse ano. Para neutralizar nosso ataque eles vão ter que jogar muito, a gente veio preparado”.
1º Set: Monetária 25 x 22 Exatas
2º Set: Monetária 25 x 15 Exatas
3º Set: Monetária 25 x 20 Exatas
Levantadores foram muito exigidos para fugir dos fortes bloqueios | Foto: Filipe Couto
Resultados
Quartas de Final:
Fisioterapia 2 x 1 Educa (17 x 25 / 25 x 22 / 15 x 8)
Engenharia 2 x 1 Moca (15 x 25 / 25 x 13 / 16 x 14)
Monetária 2 x 0 Infernal (25 x 20 / 25 x 14)
Exatas 2 x 1 Medicina (25 x 22 / 24 x 26 / 15 x 13)
Semifinais:
Engenharia 3 x 1 Fisioterapia (25 x 19 / 25 x 18 / 24 x 26 / 26 x 24)
Monetária 3 x 0 Exatas (25 x 22 / 25 x 15 / 25 x 20)
Terceiro Lugar - 9 de novembro
Fisioterapia x Exatas
Final - 10 de novembro
Monetária x Engenharia
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